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Jovens palestinianos preferem prisão à dura vida em liberdade

Levados pela pobreza e pela falta de perspectivas, um número crescente de jovens palestinianos prefere arriscar a vida com falsos ataques a postos de controlo do exército israelita e acabar na prisão, onde podem estudar e conseguir dinheiro para as famílias.
O posto de controlo militar de Hawara, à entrada da cidade de Nablus, na Cisjordânia, tem sido um dos principais alvos destas incursões. Muhammad, de 14 anos, originário do campo de refugiados de Balata, foi preso em Hawara "armado" com um tubo metálico cheio de açúcar e pó de café, tendo sido libertado no mesmo dia.
"Queria ir para a prisão porque estou farto desta vida. Na prisão posso estudar e receber uma ajuda mensal", explica Muhammad, referindo-se aos 300 dólares mensais que o governo palestiniano paga às famílias dos detidos.
Uma fonte militar israelita refere que 49 palestinianos, na maioria jovens, foram presos no posto de Hawara, desde o início de 2005, por tentarem apunhalar soldados ou trazerem pistolas artesanais, na sua maioria falsas.
"A maior parte destas crianças são de famílias pobres e as organizações terroristas prometem-lhes dinheiro, fazendo-as acreditar que serão heróis ou mártires no paraíso", explicou.
Alaa Sanakra, chefe em Nablus das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, formação radical nascida do movimento Fatah, nega que os grupos armados usem crianças em atentados. "A maioria dos jovens dos campos de refugiados vive na pobreza absoluta e para eles nada tem valor, mas não as enviamos para realizar atentados porque isso é contrário à nossa religião", diz Sanakra.
Um responsável dos serviços palestinianos de segurança afirma que outra das razões que leva os jovens a procurarem a detenção é a realização dos exames de acesso ao ensino superior, que são facilitados para quem está na prisão.
Para tentar acabar com este subterfúgio, as Brigadas de Al-Aqsa pediram recentemente ao presidente da Autoridade Palestiniana e líder da Fatah, Mahmud Abbas, que autorize apenas aqueles que estão detidos há mais de um ano a fazer os exames na prisão.


  
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Edição:

N.º 152
Ano 15, Janeiro 2006

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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