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Julgamentos sobre o escândalo de Abu Ghraib não melhoram imagem do exército americano

O julgamento de Lynndie England, a soldado americano que se tornou no símbolo do escândalo de torturas na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, depois de ser fotografada a arrastar um preso iraquiano com uma corda amarrada ao pescoço, foi suspensa recentemente por um tribunal militar.
Apesar de ainda poder incorrer numa pena de prisão, os analistas acreditam que um possível castigo não terá muita utilidade na reabilitação da imagem do exército americano dada a aparente resistência dos tribunais em julgar os oficiais de alta patente.
"O governo americano está empenhado numa política de controlo de prejuízos que pode funcionar no plano interno, mas não conseguirá reabilitar os Estados Unidos internacionalmente", afirma Reed Brody, advogado da organização Human Rights Watch.
"Os soldados rasos estão a assumir a culpa pelo que aconteceu em Abu Ghraib, quando quem definiu as políticas está a salvo ", diz Brody, atribuindo a principal responsabilidade ao secretário da Defesa Donald Rumsfeld e ao general Ricardo Sanchez. De acordo com uma investigação do exército americano recentemente divulgada, Sanchez, o máximo comandante militar americano na altura em que o escândalo foi revelado, bem como três outros militares de alta patente, foram ilibados.
A publicidade que rodeou o caso de Abu Ghraib ofuscou a extensão deste problema noutros lugares do mundo. O Exército dos Estados Unidos investigou mais de 360 casos de maus-tratos a presos desde o início das operações militares no Afeganistão, em 2001, incluindo 74 que resultaram na morte dos prisioneiros. Apenas 14 pessoas foram condenadas por tribunais militares, enquanto que pelo menos 70 soldados foram repreendidos, rebaixados ou afastados.
"São sentenças extraordinariamente indulgentes", afirma Robert Goldman, professor de Direito Internacional na Universidade Americana de Washington, acrescentando, ironicamente, que "existem pessoas que recebem penas maiores por fumarem erva".


  
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Edição:

N.º 146
Ano 14, Junho 2005

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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