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Filme "Cruzada" desperta debate entre cristãos e mulçulmanos

Duas semanas após a sua estreia, o filme "Reino dos Céus" (Kingdom of Heaven), de Ridley Scott, muitos grupos de direitos humanos, políticos e especialistas vêem o filme do realizador britânico - que narra as sangrentas batalhas entre cristãos e muçulmanos pelo controlo de Jerusalém no século XII - como uma aposta arriscada.
"O filme mostra as cruzadas de forma equilibrada, apesar das inquietações de que o filme poderia retractar os muçulmanos de forma estereotipada", afirma o Conselho de Relações Islâmico-americanas. "Infelizmente, é uma das raras oportunidades em que um muçulmano irá ao cinema sentindo-se satisfeito com a forma como um filme retractou o Islão", diz Rabiah Ahmed, coordenador desta instituição, que assistiu ao filme em Los Angeles.
Os cristãos, por sua vez, parecem ter saído igualmente satisfeitos. "Com as tensões políticas e sociais entre o Ocidente e o mundo islâmico, fazer um filme em que alguém mata um inimigo em nome de Deus pode tornar-se incendiário ou ser politicamente incorrecto. Este filme não caiu em nenhuma destas armadilhas", afirma Steve Beard, editor da revista metodista conservadora "Good News Magazine".
Porém, Khaled Abu Al-Fadl, professor de Direito da Universidade da Califórnia, pensa o contrário. "É um típico filme de Hollywood, que mostra os muçulmanos como seres irracionais, desonestos, mentirosos, enquanto os cristãos são retractados como tolerantes, justos e racionais. É o mesmo tipo de cruzada que George Bush empreendeu contra o Iraque e o Afeganistão e reflecte a crença de muitos cristãos deste país de que ele prestou um favor a estes povos", diz Al-Fadl.
O historiador britânico Jonathan Riley Smith, também especialista em cruzadas, disse, pelo contrário, que o filme "é uma versão da história contada por Osama Bin Laden", mostrando os muçulmanos como um povo "sofisticado e civilizado" e os cristãos das cruzadas como "brutos e bárbaros".


  
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Edição:

N.º 146
Ano 14, Junho 2005

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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