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O papel da escola na promoção de uma cultura de segurança no trabalho

Embora seja prudente não pedir tudo à escola, é hoje consensual a ideia de que esta instituição tem um papel importante na formação da personalidade dos jovens, na aquisição de conhecimentos, valores e comportamentos. Daí que se queira, muito justamente, incluir nos curricula matérias que são fundamentais para a vida, e nomeadamente para a vida profissional.

No nosso País ocorrem mais de 300 mil acidentes de trabalho por ano em que 22 por cento dos mesmos afectam jovens com idade inferior a 22 anos:
A segurança e saúde do trabalho, pela sua dimensão cultural, designadamente ao nível dos comportamentos, teve nos finais da década de oitenta do século passado, a pretensão de entrar na escola, considerando-a como a melhor maneira de iniciar a sensibilização e informação dos jovens e professores para a importância da prevenção dos riscos profissionais.
Assim, a primeira manifestação organizada desta tentativa foi a realização em Lisboa, no ano de 1988, do primeiro Encontro Nacional para a integração da Higiene e Segurança do Trabalho no ensino secundário e superior.
As preocupações ali expressas viriam a ter eco nos sucessivos acordos assinados entre os parceiros sociais e os governos, sendo o Acordo sobre Condições de Trabalho, Higiene e Segurança no Trabalho de 2001 claro ao propor, nessa altura, que no futuro Plano Nacional de Acção para a Prevenção (PNAP) fossem contempladas medidas que assegurassem ?uma efectiva integração das matérias relacionadas com a segurança, higiene e saúde no trabalho nos curricula escolares, incluindo a formação de professores nestes domínios?. Este objectivo foi, efectivamente, considerado na ?Medida L? do PNAP.
O documento, aprovado pelo Governo em Julho de 2004, considera aqueles objectivos como prioridades estratégicas ao pretender que a aquisição de atitudes e comportamentos, nomeadamente no que respeita à identificação, conhecimento e prevenção dos riscos que os jovens, futuros trabalhadores, irão encontrar na sua actividade profissional contribua para a ?sedimentação de uma verdadeira cultura de prevenção?.
Neste quadro geral é importante não esquecer o Programa Nacional de Educação para a Segurança e Saúde no Trabalho (PNESST) implementado no ano 2000 em todo o território nacional e coordenado pelo Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho (ISHST) como uma iniciativa fundamental que envolve centenas de escolas e milhares de professores e alunos com objectivos claros, nomeadamente, de assegurar a inclusão e o desenvolvimento curricular de matérias de Segurança e
Saúde no Trabalho, apoiar as escolas na concepção e desenvolvimento de projectos educativos sobre esses temas e não esquecer as necessárias acções de formação para professores.
Podemos assim afirmar que, pouco a pouco, se vão construindo os instrumentos indispensáveis para aproximar, de modo mais eficaz, a escola do mundo do trabalho, criando bem cedo as competências e comportamentos necessários à prevenção dos riscos profissionais, contribuindo para a diminuição da sinistralidade laboral e das doenças profissionais, em especial dos jovens.
Este investimento na escola e na formação profissional irá certamente dar frutos a médio prazo, na medida em que se poderão criar gerações de gestores e trabalhadores muito mais sensibilizados para a importância social e económica da prevenção.
Esta realidade vem ao encontro das propostas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que, em 2003, reconheceu a promoção de uma cultura da segurança um dos pilares da Estratégia Global para a segurança e saúde no trabalho. No fundo, é a constatação de que, no combate aos acidentes de trabalho e doenças profissionais, a chave está na mudança de mentalidades. E aqui a escola continua a ter um papel decisivo e insubstituível.
Para mais informações sobre estas questões contactar o Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho (ISHST), em www.ishst.pt.


  
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Edição:

N.º 144
Ano 14, Abril 2005

Autoria:

António Brandão Guedes
Técnico do Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, ISHST
António Brandão Guedes
Técnico do Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, ISHST

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