A POBREZA
O mundo terá tempo de reduzir para metade a pobreza extrema até 2015, como se comprometeu a fazer em 2000, se levar a sério a tarefa e solucionar o problema causado pela falta de recursos. Decorrido um terço do prazo fixado, alguns países, sobretudo na Ásia, estão a caminho de alcançar a meta, mas muitos, especialmente na África subsaariana, estão distantes dela. "Reduzir para metade a pobreza extrema até 2015 tornou-se mais difícil porque se perdeu um tempo precioso nos primeiros anos", declarou à imprensa Mark Malloch Brown, administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Para que esta meta seja alcançada, os especialistas afirmam que bastaria um investimento de 0,54% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países desenvolvidos, número inferior àquele com que se comprometeram na Cimeira de Monterrey para o financiamento ao desenvolvimento em 2002, quando concordaram em consagrar 0,70% do PIB para a Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD). Por enquanto, a APD dos países ricos tem sido muito menor: 0,25% do PIB em média, como foi registado no ano de 2003. O documento inclui "recomendações básicas", entre elas o reconhecimento, por parte dos países doadores, de um grupo de "bons alunos", ou seja, países que possuam uma estratégia de redução da pobreza e sejam considerados capazes de administrar adequadamente uma APD incrementada, como o Mali, o Burkina Faso, a Etiópia, o Gana, a Mauritânia e o Iémen. Outra recomendação é que em 2005 países ricos e pobres lancem uma série de acções de "alcance rápido", projectos baratos mas de forte impacto, como a alimentação gratuita em escolas, geradores de energia solar para os hospitais e distribuição de medicamentos contra a Sida. A entrega gratuita de mosquiteiros para os países afectados pela malária, por exemplo, cujo custo médio ronda os 4 euros, conseguiria por si só impedir a morte de 250 mil crianças africanas por mês. Além disso, sugere-se a abertura dos mercados dos países ricos às exportações dos países pobres, colocando em prática, entre este ano e 2006, os acordos de Doha.
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