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Manifesto

Não percas a cabeça, homem
Nem o faças em meu nome!

Nós abaixo-assinados, homens, dizemos sim à luta e à Lei Contra a Violência de Género.
Porque não podemos ser cúmplices face à realidade de uma violência que, dia após dia, ano após ano, mata milhares de mulheres e obriga muitas outras a abandonar os seus locais de trabalho, os lugares onde vivem e a sua cidade procurando fugir à violência do seu agressor; uma violência que provoca todos os anos milhares de suicídios de mulheres e maltrata física e psicologicamente centenas de milhares delas.
Porque a violência executada por homens contra mulheres requer medidas específicas, pois é uma violência que em nada se assemelha, nem quantitativamente nem pelas suas características, aos casos isolados de violência de mulheres contra homens.
Porque esta violência assimétrica é um terrorismo machista que não aceita a emancipação de quem a sofre, pelo que a sua forma mais extrema, o assassinato, tem lugar, na maior parte dos casos, quando a mulher rompeu ou está em processo de ruptura com o agressor.
Porque esta violência de domínio e de subjugação afecta os direitos e as liberdades do conjunto das mulheres, já que não só maltrata ou mata as directamente afectadas mas também porque contribui para criar um clima de intimidação e medo generalizado na hora de denunciar os maus tratos e de romper com os agressores.
Porque uma Lei Contra a Violência de Género não é inconstitucional nem o é o singularizar o tratamento dado a certas formas de violência, em função do alcance do dano social causado por elas.
Porque a adopção de medidas sociais e penais que combatam de forma específica a violência de género não é uma discriminação dos homens mas tão só uma acção positiva, urgente e imprescindível.
Porque não avalizamos com o nosso silêncio infundadas alegações de discriminação masculina, vindas na maior parte dos casos de quem é mais indiferente face à realidade da discriminação das mulheres no salário e no emprego, na distribuição do tempo de trabalho não remunerado, na composição dos órgãos de direcção de entidades públicas e privadas, e mesmo em leis como as que regem a ordem dos apelidos em razão do sexo.
PORQUE A LUTA DAS MULHERES NOS AJUDOU A ABRIR OS OLHOS
PORQUE A NOSSA DIGNIDADE NÃO DISPENSA A LIBERDADE E A IGUALDADE
PORQUE A SUA DOR TAMBÉM NOS DÓI
PORQUE NÃO QUEREMOS SER CÚMPLICES
NÓS, HOMENS, DECIDIMOS
NÃO AO TERRORISMO MACHISTA
SIM À LUTA CONTRA  TODAS  AS FORMAS DE  VIOLÊNCIA DE GÉNERO

Adesões:
redaccao@apagina.pt


  
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Edição:

N.º 139
Ano 13, Novembro 2004

Autoria:

Redacção

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