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A info-exclusão e os desafios educativos

?A importância das tecnologias de informação nas sociedades actuais, nomeadamente, ao nível do trabalho, lazer e acesso ao conhecimento, tem vindo a evidenciar o problema da info-exclusão ?  um conjunto de regiões do planeta, de bairros pobres e comunidades rurais que, sistematematicamente, estão fora do acesso às tecnologias de informação e comunicação. 

Volvidos alguns anos, e contrariamente às visões mais optimistas que, ontem, tal como hoje, argumentam que a equidade e o bem estar social passa pela difusão das tecnologias de informação e comunicação, o cansaço da questão tecnológica que não altera um quotidiano repleto de desigualdades sociais, vai deixando rastos que apagam esperanças. De facto, a importância das tecnologias de informação nas sociedades actuais, nomeadamente, ao nível do trabalho, lazer e acesso ao conhecimento, tem vindo a evidenciar o problema da info-exclusão ?  um conjunto de regiões do planeta, de bairros pobres e comunidades rurais que, sistematematicamente, estão fora do acesso às tecnologias de informação e comunicação. 
A evidência dos dados empíricos vem mostrando que não só o desemprego aumentará entre os info-excluídos, como a sua esmagadora maioria se encontra entre aqueles que têm menor educação formal. As estatísticas também nos mostram que Portugal, apesar de se localizar numa das áreas económico-políticas de maior expressão tecnológica, a União Europeia, é um dos países onde a taxa de penetração das novas tecnologias digitais é menor, nomeadamente, o número da população on-line. 
Tendo em conta que o significado geral da tecnologia inclui aspectos técnicos, mas também organizativos e culturais, é fácil de concluir que, se é vital para o país a existência de um conjunto de profissionais altamente qualificados e criativos neste domínio, não menos importante é a familiarização de todos os cidadãos com as tecnologias digitais, uma vez que são estes que, ao consolidarem práticas tecnológicas no seu quotidiano, irão construir, a médio e longo prazo, o interesse em novos mercados, novos saberes e novos artefactos tecnológicos.
Mais recentemente, foi criada a disciplina de  Tecnologias de Informação e Comunicação ao nível do Ensino Secundário. Independentemente dos problemas e questões que a inclusão desta disciplina no plano curricular do Ensino Básico nos possa sugerir (eventualmente a abordar num próximo texto),  os estudos têm mostrado que equipar as escolas e desenvolver cursos de computadores, apesar de ajudar a atenuar as divisões digitais  e contribuir para a difusão e educação tecnológica, não resolve o problema da info-exclusão.  Assim, as pessoas que vivem em bairros urbanos pobres e zonas rurais isoladas  podem até ter contactos com os computadores e navegar na Net, nas escolas, nos organismos públicos ou mesmo em cyber cafés, mas continuam sem possibilidades de acesso imediato aos computadores de alta velocidade e às suas necessidades constantes de actualização, para realizar os downloads  e permitir o uso criativo da tecnologia digital na auto-educação.
Seria por isso desejável que, pelo menos para não se agravar o foço tecnológico entre países da mesma ?família política? sob pena de, neste caso Portugal, ficar fora da matriz económico-política-social da União Europeia, existisse ao nível das políticas educativas um esforço para que famílias e comunidades pobres dispusessem de meios de acesso à tecnologia digital, nomeadamente, criando centros tecnológicos comunitários em bairros pobres, à semelhança do que se vai fazendo em vários países que consideram seriamente o problema da info-exclusão .
Em Novembro, os Textos Bissextos continuam com ?Quem quer saber?? por Elisa Costa.


  
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Edição:

N.º 138
Ano 13, Outubro 2004

Autoria:

Darlinda Moreira
Universidade Aberta
Darlinda Moreira
Universidade Aberta

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