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A gestão da informação no meio escolar

Os fluxos de informação que percorrem os meandros da organização Escola são constantes e o professor, enquanto membro activo na gestão destes fluxos, tem que estar permanentemente atento com o objectivo de detectar quaisquer variações/oscilações que possam ocorrer naqueles fluxos. Sucede que essas variações/oscilações podem revelar alterações no meio ambiente envolvente ou no interior da organização e deverá estudá-los determinando a sua relevância para a organização.
Além de determinar a relevância imediata para a organização, no caso de ser uma oscilação evidente, existe ainda o factor previsão, isto é, podem ocorrer variações ínfimas nos fluxos de informação (bi-direccionais), que à priori podem não revelar nada de importante a curto prazo. No entanto, a médio e/ou a longo prazo, podem vir a propagar-se de tal modo que venham a revelar-se críticos para o funcionamento da organização escola.
Podemos pensar numa espécie de ?efeito borboleta?, ou seja, algo que no seu início não se afigura de preocupante, vir a demonstrar-se caótico para a organização. É aqui que o papel de gestor de informação é colocado à prova, tendo o seu desempenho mais complexo, conquanto tenha que estar permanentemente atento a toda e qualquer variação nos fluxos de informação e tentar determinar/prever, qual meteorologista, os possíveis acontecimentos daí derivados quer a nível interno quer externo, nunca esquecendo que qualquer efeito visível no meio ambiente externo, com certeza provocará a prazo, com durabilidade variável conforme a origem, algum tipo de alterações no interior da organização, considerando-se o oposto igualmente válido.
Aquelas alterações, em situações mais graves, poderão aumentar de tal modo a entropia do sistema que o poderá conduzir a um ponto sem retorno, desencadeando a sua ruptura funcional.
Ao aludir à organização, além de toda a escola em si, podemos reduzir o espaço físico considerado e encarar aquela como a sala de aula, tendo como referência para fluxo de informação as interacções professor/aluno e aluno/aluno no seu interior e as interacções sala de aula com os restantes intervenientes na escola, o seu exterior.
Se quisermos, podemos ainda focar com maior proximidade a organização que podemos observar, mais especificamente, o aluno, enquanto entidade única no comportamento. Os fluxos de informação seriam, neste caso, o resultante do relacionamento com o meio ambiente envolvente, a começar pela sala de aula e a terminar na comunidade onde o meio escolar se insere.
Aquela, como toda a sociedade em geral, exerce influência que poderá resultar em dois caminhos, um positivo em que a informação, entrada na escola, auxilia na construção do conhecimento integrando-se há já existente e um negativo que poderá ter um efeito contrário, ou seja, armadilhar todo o processo educativo prejudicando o trabalho desenvolvido. É esta complexidade de efeitos, oriundos do meio ambiente, que a escola deve aprender a destrinçar no sentido de evitar a desadequação da sua actividade.
Por todos estes motivos atrás expostos, penso ser inadiável a inclusão, nos cursos de formação inicial de professores, aspectos curriculares especificamente direccionados para a Gestão de Informação e para os Sistemas de Informação para a educação, pois assim estaríamos a dar um passo de gigante na tão desejada modernização quer da escola em si, quer de todo o processo educativo em geral, pois considero que a qualidade da educação é directamente resultante de uma sólida educação cultural de um povo e só com a generalização de competências na manipulação de informação, se poderá induzir essa educação.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 132
Ano 13, Março 2004

Autoria:

Luís Fernando Maurício
Professor em Portalegre
Luís Fernando Maurício
Professor em Portalegre

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