SIDA NA AMÉRICA LATINA
O tratamento de pessoas infectadas pela Sida avançou na América Latina, mas ainda é preciso fazer muito em matéria de políticas de prevenção que rompam com os tabus culturais, segundo afirmiram especialistas reunidos no Congresso Mundial sobre a Sida, realizado em Punta del Este, no Chile, em Dezembro passado. "O machismo, aceite tanto pelo homem como pela mulher, e a forte rigidez religiosa tornam muito difícil que as pessoas entendam a necessidade de prevenção na América Latina", afirmou a médica cubana Irene Acevedo. Durante o encontro foram referidos os importantes avanços registados em matéria de tratamento e monitorização das pessoas infectadas na América Latina. "Um total de 50% das cerca de 500 mil pessoas sob tratamento no mundo está na América Latina. E desses 50%, metade está no Brasil, país pioneiro na luta contra a Sida", referiu Antonio Gervase, especialista da Organização Mundial de Saúde (OMS). Um dos motivos para este avanço é a redução dos preços dos medicamentos na América Latina, graças às negociações feitas por vários governos com os laboratórios internacionais ou, inclusivamente, como no caso de Cuba, devido à produção nacional de genéricos, destacaram os participantes na reunião. À margem destes progressos, o número de casos continua a aumentar na região, onde a Sida afecta dois milhões de pessoas e provocou, só este ano, quase 100.000 mortes no continente. "Ainda há muito por fazer pela educação da população e é preciso instaurar políticas de prevenção efectivas e claras", disse a cientista chilena Maritza Ríos, criticando "o peso da Igreja que, através da sua influência, evita que se fale abertamente sobre métodos de prevenção como o preservativo".
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