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Carta aberta aos professores da Escola da Ponte

Caros professores da Escola da Ponte.

É com profunda preocupação e perplexidade que tomámos conhecimento de que o vosso projecto social e pedagógico se encontra em riscos de ser extinto por falta de reconhecimento e apoio da parte do Ministério da Educação.
A escola da Ponte é, a nivel nacional, uma referência incontornável. Todos a conhecem como exemplo singular de aprendizagem da democracia, da cidadania, da participação. É um exemplo de sucesso pedagógico e humano.
Na vossa escola não há «maus alunos» ou «crianças problema» ou «crianças com necessidades especiais»: há uma sociedade inclusiva construida com a diversidade, onde cada um é uma pessoa especial cujas capacidades são desocultadas e valorizadas. A vossa escola é um projecto apropriado e construido pelas crianças, pelos pais, pelos profissionais - é um projecto integrado de cidadania.
Diversas vezes temos tido a oportunidade de entrar em contacto com a vossa escola, quer em acções de formação em que o vosso exemplo constituíu fonte de aprendizagem inesquecível, quer em visitas de estudo que organizámos para conhecermos o processo no local e melhor compreendermos e aprendermos com a vossa experiência.
A vossa escola é um desafio para todos nós que trabalhamos com projectos pedagógicos. O vosso exemplo obriga-nos a questionar as nossas práticas e a procurarmos a perfeição.
Sabemos que manter um tal projecto vivo há vinte e sete anos, não é tarefa fácil: ele requer, do colectivo de profissionais, entusiasmo, entrega, competência profissional, resistência. Exige uma equipa sólida, capaz de se organizar e vencer os desânimos, de fazer, dos obstáculos, oportunidades de inovação.
Tal projecto exige autonomia, reconhecimento e apoio de um Ministério que tem por obrigação primeira promover a qualidade da Educação..
Choca-nos profundamente o desprezo pelos valores pedagógicos e humanos que o Ministério revela ao negar-se a reconhecer o óbvio: a originalidade, inovação e excelência da vossa comunidade educativa.
Ao exigir autonomia e estabilidade para a equipa, a Escola da Ponte não está a defender um previlégio! Está tão sòmente a reclamar as condições imprescindíveis para a continuidade de um projecto que já sobejamente provou a sua qualidade. Naturalmente, um projecto que, como o vosso, constitui uma fonte de aprendizagem para a comunidade pedagógica, requer acompanhamento e avaliação.
Vimos pois manifestar a nossa mais profunda solidariedade para com a vossa comunidade educativa.
A Escola da Ponte é património da Humanidade. Não pode ser destruida!

O Movimento de Águeda

Maria Gabriela Braga Duque Flores - Presidente da Direcção da Bela Vista - Centro de Educação Integrada ; Maria Paula de Mello Machado - Presidente da Direcção da Associação Contador de Sonhos; Maria Teresa Almeida Neves - Presidente da Direcção do Centro Infantil de Aguada de Baixo; Ana Claudi Lourenço Carinha - Tecnica do Serviço Social do Centro Infantil de Aguada de Baixo; Benilde Andrade Oliveira  educadora da Bela Vista- CEI; Luisa Casimira Silva Gomes Coelho - coordenadora da Bela Vista - CEI ; Mara Catarina Bicas - tecnica do Serviço Social da Bela Vista - CEI; Maria José Tovar - médica, coordenadora do nucleo de Educação para a Saúde dp Centro de Saúde de Águeda; Rosa Maria Guerra - professora da escola do primeiro ciclo da Borralha - Águeda; Emilia Maria Penetra - professora da escola EB23 Fernando Caldeira - Águeda ; Isabel Cristina Neves Oliveira - Tecnica de Serviço Social do Centro Distrital de Segurança Social Aveiro - Águeda.


  
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Edição:

N.º 128
Ano 12, Novembro 2003

Autoria:

Movimento de Águeda

Movimento de Águeda

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