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Sida hipoteca o futuro em África

A Sida é hoje o principal problema enfrentado pelos africanos, sobretudo tendo em conta que hipoteca o futuro de muitos milhões de crianças e jovens a anos de distância. Uma epidemia que nos países sub-saharianos afecta cerca de trinta milhões de pessoas, segundo números divulgados pela OnuSida.
De acordo com este organismo, um em cada 11 adultos africanos tem HIV, proporção que sobe para um em cada cinco em sete países do sul do continente, atingindo a impressionante cifra de 40% no Botsuana. Só no ano passado, 2,2 milhões de africanos morreram vítimas da doença. Num continente marcado pela pobreza, apenas algumas dezenas de milhar de pessoas têm acesso a drogas retrovirais que, para muitos, transformou a Sida de sentença de morte numa doença administrável.
Alguns sinais positivos têm, no entanto, contribuído para encarar o problema com alguma esperança. Embora continue distante do número mencionado pela ONU para enfrentar a epidemia à escala global - cerca de 10,5 mil milhões de euros por ano a partir de 2005 ? o Fundo Global de Luta contra a Sida, a Tuberculose e a Malária, uma nova iniciativa que junta doadores, Organizações Não Governamentais e a iniciativa privada, já conseguiu recolher cerca de mil milhões de euros, quantia suficiente para aumentar seis vezes o número de pessoas com acesso aos tratamentos em África e fornecer apoio a meio milhão dos 11 milhões de órfãos vítimas da epidemia.
Por outro lado, as grandes empresas do sector farmacêutico diminuíram o preço dos medicamentos. No mês passado, membros da Organização Mundial do Comércio concordaram em permitir que países pobres importassem genéricos sob um "sistema especial de licenciamento".
No entanto, existem grandes discrepâncias quanto à forma como os países africanos enfrentam a Sida. As ?estrelas? do continente são o Senegal e o Uganda, onde a acção precoce no combate à discriminação e o encorajamento ao sexo seguro ajudou a manter as taxas de infecção relativamente baixas ou a estabilizadas. Do outro lado encontra-se a África do Sul, cuja classe política passou anos a negar e até mesmo a duvidar das evidências científicas de que a Sida é causada por um vírus. Este lamentável erro deixou o país com a maior taxa de Sida do mundo, com uma média de mil mortes diárias em 2001.


  
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Edição:

N.º 127
Ano 12, Outubro 2003

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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