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As estrelas são azuis

De um lado e de outro do Atlântico (nesta relação privilegiada que dizem existir), as estrelas são azuis nas próprias bandeiras, U.E. ou E.U. parece mesmo E.U.A., as coincidências na falta de criatividade vão-se repetindo. Não adianta alguém queixar-se disso: são "factos da vida", pelo menos no momento que passa. Factos por vezes algo desmentidos, como ténues protestos contra o domínio desses cada vez mais longínquos filhos da Europa a que chamam "velha" sem carinho algum. Não é como quando alguém se refere à mãe "a minha velha"; é como quando alguém (por sinal com 70 anos - Rumsfeld) quer dizer "essa porcaria", velho no sentido de lixo, ou pelo menos de ultrapassado. E
está mesmo, por este andar!
Brevemente não será só a bandeira azul com estrelinhas, será o inglês a impôr-se "naturalmente" como língua de todos os europeus verdadeiros, os da "EU", os que não querem cá "Europas Velhas". Ir à manifestação depois de passar no fast food mais próximo é uma caricatura de vontades inexistentes. Tem um preço ter uma identidade; é mais barato, mais cómodo - é preciso ser claro - ser um protectorado. Uma moeda única, uma bandeira única, um linguajar único, um sistema cultural único, uniformizar o tamanho dos porcos, das maçãs, unificar sistemas de ensino, seguir o modelo dos patrões, é, sem dúvida, o caminho mais fácil e isento de riscos. O fim do Estado ligado ao bem-estar, a política de emprego, a morte do sentido de família...


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 126
Ano 12, Agosto/Setembro 2003

Autoria:

Maria Gabriel Cruz
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real
Maria Gabriel Cruz
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real

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