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Unesco alarmada com destruição do património iraquiano

A Unesco teme que os bombardeamentos americanos tenham danificado uma parte significativa do valioso património histórico do Iraque, apesar das recomendações feitas a Washington antes do início do conflito, refere Monir Buchenaki, vice-director para a cultura deste organismo das Nações Unidas. "Lamentavelmente, temos informações alarmantes sobre um determinado número de lugares que podem ter sido destruídos pelo conflito", disse Buchenaki, acrescentando ter escrito de imediato uma carta de protesto às autoridades americanas.
"Recebemos informações de que o museu de Tikrit (cidade natal de Saddam Hussein) foi atingido, assim como o de Mossul e um palácio de Bagdad que alberga uma colecção de objectos da época da monarquia", explica o arqueólogo argelino, autoridade máxima da Unesco em questões de património. Buchenaki também expressou a sua "preocupação" com a situação em Bassorá, uma cidade com importante igrejas da época caldeia e uma arquitetura tradicional muito significativa na cidade velha.
A Unesco tinha advertido os Estados Unidos para a importância do património iraquiano antes do início da guerra, tendo enviado uma carta e um mapa ao observador americano junto da Unesco, acompanhados de uma lista dos museus do país. A organização lembra também a existência de convenções internacionais, principalmente a de Haia, de 1954, sobre a necessidade de protecção dos bens culturais em caso de conflito armado. Segundo os arqueólogos, teria sido necessário proteger cerca de 25 mil locais no Iraque, berço da Mesopotâmia e antigo califato dos abíssidas, consideradas autênticas "jóias da civilização".
A Unesco previu igualmente a ocorrência de saques - como aconteceu após a primeira Guerra do Golfo em 1991 - que na altura resultaram no desaparecimento de quatro mil obras de vários museus das cidades de Bassorá, Karbala e Mosul, mas quanto a isso, de acordo com as notícias que têm corrido mundo, já pouco ou nada haverá a fazer.


  
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Edição:

N.º 123
Ano 12, Maio 2003

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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