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Emigrantes vítimas da repressão policial na China
As migrações internas na China, constituídas principalmente por camponeses que vivem nas metrópoles sem licença de residência, são uma crescente dor de cabeça para as autoridades daquele país. Acusados de serem os principais responsáveis pela criminalidade, os emigrantes são objecto de todo tipo de abusos policiais. Antes e durante o congresso do Partido Comunista chinês, realizado em meados de Novembro, muitos foram vítimas de revistas por parte das autoridades policiais, detidos e enviados de volta aos seus locais de origem.
"Um dos meus amigos foi detido e obrigado a trabalhar numa obra até ganhar o dinheiro da passagem de comboio para a sua província natal, só porque tem cara de camponês e não possuía licença de residência temporária", explica Wang, professor em Pequim e originário do Nordeste da China.
Num dos numerosos "povoados" de emigrantes da periferia de Pequim os moradores confirmam o aumento da repressão policial. O regime quer mostrar que controla a situação dos emigrantes, que, embora constituam uma mão-de-obra disposta a fazer os trabalhos que os habitantes da capital costumam rejeitar, são os bodes expiatórios de constantes operações policiais.
"Os polícias detiveram e mandaram de volta todos os que não tinham permissão de residência temporária", afirma Ma, um homem de uns 50 anos nascido em Baoding, a 150 km de Pequim. Segundo um estudo publicado recentemente pela organização «Human Rights» da China (HRIC) cerca de 3 milhões de emigrantes são detidos anualmente e reenviados para os seus locais de origem,
Em Pequim, Xangai e Cantão a medida afecta em média um em cada dez emigrantes. A origem da discriminação é baseada no sistema de «huku» ou autorização de residência, que divide a população entre habitantes urbanos e rurais. Instituído na época dos vales de racionamento, persiste até aos dias de  hoje. A população "flutuante" é estimada em 120 a 200 milhões de pessoas.
Em Cantão, muitas mulheres não recorrem aos serviços médicos durante a gravidez com medo de serem expulsas. A HRIC assinala que 75% das mulheres que morrem durante o parto são emigrantes.

  
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Edição:

N.º 118
Ano 11, Dezembro 2002

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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