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?O Lagarteiro ia ficar parecido com a Foz do Douro.?
As notícias anunciam a construção de um pavilhão desportivo, um infantário, um ATL e um lar de idosos, tudo inserido num complexo que iria acabar de vez com a falta de estruturas sociais no Bairro do Lagarteiro, em Azevedo de Campanhã. ?A maquete [de requalificação do bairro] era linda - desabafa Fernanda - eu mesma vi! Se eles fizessem tudo aquilo, o Lagarteiro ia ficar parecido com a Foz do Douro.? No entanto, aquela zona de Campanhã parece estar ?condenada ao esquecimento?, lamenta.
É precisamente esse abandono que preocupa a Associação de Pais da Escola Básica de 1º ciclo de Azevedo de Campanhã. Do pré-escolar à adolescência faltam  equipamentos e estruturas de apoio social e educacional. A creche e o pré-escolar pertencem à Obra Diocesana de Promoção Social da Cidade do Porto e funcionam nas caves de um dos blocos do bairro. Para Fernanda Gomes há muito que a Câmara do Porto podia ter arranjado outras instalações. ?Nas salas de convívio não há janelas, os miúdos passam o dia inteiro com luzes fluorescentes. No Verão, vêm para rua ainda de dia e até ficam com os olhos ofuscados.?
Mas os problemas não acabam no pré-escolar. A Escola Básica de 1º ciclo de Azevedo de Campanhã precisa de obras e os alunos de Actividades de Tempos Livres (ATL). Para compensar esta carência a Associação de Pais pôs os miúdos a ter aulas de inglês, de música e de judo. Os resultados ? revela Fernanda ? foram motivadores. ?As crianças desenvolveram-se de uma forma incrível. Os professores tinham-lhes um carinho especial e se fosse preciso até se sentavam e conversavam com elas?, constata.
Outra das preocupações da Associação de Pais prende-se com o aumento das senhas da cantina. Por isso Fernanda Gomes insiste em lembrar que para muitos dos miúdos que frequentam a escola primária o almoço é a única refeição quente que consomem durante o dia.
A lista de reparos e exigências de Fernada Gomes enquanto moradora do bairro e mãe é enorme. Fala com o coração na boca e está disposta a fazer o legalmente possível para dar a conhecer a quem de direito que ?Campanhã não acaba na circunvalação?, ironiza. ?É uma boa razão para não cruzarmos os braços, não é??

  
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Edição:

N.º 118
Ano 11, Dezembro 2002

Autoria:

Andreia Lobo
Jornalista, A Página da Educação
Andreia Lobo
Jornalista, A Página da Educação

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