DNA dos islandeses ao serviço do mapeamento do genoma humano
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A análise do DNA de 146 famílias islandesas descrito em forma de mapa genético
traz uma "contribuição significativa" para a decifração do genoma humano,
reporta a revista "Nature Genetics" na sua edição de Junho. Este mapa genético
é "cinco vezes mais preciso" do que os anteriores, elaborados a partir de
famílias de outras origens geográficas. Até ao momento, o melhor de que se
dispunha era um mapa de três gerações realizado pelo Centro de Estudos de
Polimorfismo Humano (CEPH, do Hospital Saint-Louis, em Paris), refere o
especialista americano James Weber naquela revista britânica.
Os cientistas da deCODE Genetics, empresa privada com sede em Reykjavik,
capital da Islândia, analisaram o DNA de 869 pessoas de 146 famílias recorrendo
aos elementos denominados SNP (Single Nucleotides Polymorphism),
correspondentes a regiões do genoma que variam de acordo com a pessoa. Cada ser
humano possui 10 milhões dessas variantes SNP, cuja combinação faz com que cada
pessoa seja considerada única.
Os SNP localizados entre os genes não têm incidência aparente no homem. Os
cientistas interessam-se mais pelos SNP localizados nos genes, que podem ser
responsáveis directos por transtornos. A identificação do SNP pode permitir,
por exemplo, descobrir genes responsáveis pela predisposição a doenças como
diabetes, hipertensão arterial, etc.
Os cientistas situaram 2 milhões de SNP no mapa e, mediante comparação,
comprovaram 104 erros na versão actual do sequenciamento do genoma. De acordo
com os autores da pesquisa, factores ambientais poderiam explicar em parte a
maior variação de combinação genética observada entre as mulheres.
A empresa deCODE Genetics detém os direitos exclusivos da repercussão da
pesquisa genética entre a população da Islândia (270 mil habitantes). Esta
apropriação do património genético de toda uma população foi duramente
criticada, nomeadamente pela falta de respeito pela privacidade individual e
pela apropriação indevida de conhecimento. A empresa afirmou que "coloca o seu
mapa gratuitamente à disposição dos cientistas que o solicitarem" e sustentou
que "protege o sigilo" dos dados obtidos na pesquisa.
A identificação de genes anormais pode contribuir, num primeiro momento, para a
elaboração de métodos de diagnóstico e, eventualmente, resultar na descoberta
de tratamentos correctivos.
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Ficha do Artigo
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Edição:
Ano 11, Julho 2002
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Autoria:
Agence France-Presse
Agence France-Presse
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