Bush quer separar rapazes e raparigas na escola
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A administração do presidente George W. Bush quer encorajar a separação dos
sexos nas escolas públicas no quadro da sua reforma do sistema educativo
americano. O anúncio foi feito durante o mês passado no Federal Register (FR),
o jornal oficial americano e, como não podia deixar de ser, suscitou diferentes
opiniões.
"O secretário de estado da educação tem a intenção de propôr alterações à
regulamentação em vigor no intuito de oferecer uma maior margem de manobra aos
educadores no estabelecimento de turmas e escolas não mistas", diz o FR. O
objectivo, adianta aquele jornal, é o de "fornecer novos e melhores meios que
contribuam para que os alunos estudem e tenham bons resultados", sem que isso
signifique "voltar a noções passadistas de separação dos sexos". Um alto
funcionário da Casa Branca, sob anonimato, explica que os estabelecimentos de
ensino que adoptem a medida serão beneficiados com verbas maiores do que
aqueles que mantiverem o sistema actual.
"Ninguém na Casa Branca deve alguma vez ter lido Michel Foucalt", insurge-se o
professor Peter Kuznick, especialista da história da sexualidade nos Estados
Unidos, referindo que a separação por género sempre se revelou desastrosa e que
esta medida se inscreve no contexto de incentivo à abstinência sexual prevista
nos programas de educação sexual financiados pela administração central.
Mas enquanto uns consideram que a Casa Branca não faz mais que prosseguir a
promoção das reformas de carácter conservador, outros pensam que a separação de
rapazes e raparigas pode ter efeitos benéficos.
"Numerosos estudos realizados junto de alunos dos dois sexos demonstram que, em
determinados períodos do seu crescimento, rapazes e raparigas estudam melhor
quando não estão juntos", refere por seu lado o professor Emilio Viano, jurista
e especialista do sistema educativo norte-americano.
A "National Association for the Advancement of Single Sex Public Education",
uma associação que defende a separação dos sexos na escola, confirma esta
opinião e baseia-se num estudo realizado pela Universidade de Michigan em
estabelecimentos de ensino católicos particulares, mistos e não mistos.
"Os rapazes das escolas não mistas têm melhores resultados em leitura, escrita
e matemática, ao passo que as raparigas se saíram melhor que as suas colegas de
escolas mistas em ciências e leitura", refere a NAASSPE.
Antes de entrar em vigor, esta polémica reforma será posta à discussão pública
até dia 8 de Julho.
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Ficha do Artigo
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Edição:
Ano 11, Junho 2002
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Autoria:
Agence France-Presse
Agence France-Presse
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