Face aos desafios contemporâneos colocados à Escola, a educação informal apresenta-se
como uma resposta possível à resolução de inúmeros problemas. Pode servir para
complementar muitos dos projectos e estratégias pedagógicas visando uma melhor
e mais eficaz socialização dos jovens. O que será mais facil, caso as condições
oferecidas às associações juvenis sejam minimamente "realistas" e promotoras
de um trabalho coerente e planificado.
Pensamos que, por outro lado, as aulas de Educação Cívica, recentemente institucionalizadas
no Ensino Básico, não perdem a carga de formalidade que as das demais disciplinas
comportam, uma vez que o professor, o "manual" e o espaço continuam a ser/representar
a Escola, onde se estuda/aprende e fazem fichas e testes, entre outras actividades.
Fortemente desenvolvida nos países do Norte da Europa, a educação informal em
Portugal toma a forma de inúmeras associações e grupos juvenis informais que
(quase, senão apenas) voluntária e esporadicamente desenvolvem projectos co-financiados,
apenas em cinquenta por cento, pelo Instituto Português da Juventude e pelas
instâncias da União Europeia, nomeadamente através de programas como o "JUVENTUDE".
Prova desta mesma ausência será a dificuldade que teremos ao tentar traduzir
a expressão anglo-saxónica de youth worker, saltando-nos à mente variantes
e sinónimos (monitor/técnico pedagogo) que apenas veiculam parte do significado
deste mesmo conceito que os alemães definem como "pedagogo social", formado
nessa mesma área e detentor de meios humanos, logísticos e materiais para proporcionar,
em clubes ou centros de jovens, actividades e momentos de (in)formação mais
lúdica e, logo, com uma maior carga de motivação para os jovens, junto dos quais
estas mesmas "casas" (da juventude) trabalham, ao invés de esperarem, atrás
de secretárias, catálogos e formulários, que os jovens (desinformados) - com
outras prioridades - se desloquem até eles. Estes serviços são, portanto, pensados
para uma população com problemas de inserção social, muitas vezes desprovidos
de qualquer apoio socio-económico, e que, desta forma, podem rentabilizar potenciais,
auferindo de projectos e iniciativas pedagogicamente planificados e didacticamente
direccionados às suas necessidades, dificuldades e expectativas locais, bem
diferentes de uma política nacional que trata a massa juvenil como um todo homogéneo,
levando, nem que inconscientemente, à exclusão social. Talvez em Portugal as
"casas da sociedade/povo" e o café de bairro ou da aldeia, onde - desde bebés
- interagimos com avós, tios e vizinhos, possibilitem uma comunhão socializante
"proibida" aos adolescentes do Norte da Europa que apenas podem entrar nos pubs
a partir dos dezoito anos de idade, sendo, assim, relegados para outros espaços
que nem sempre lhes são providenciados.
A educação informal (entendida como youth/community work) tem como objectivo
ensinar e motivar a aprendizagem dos jovens, sobretudo dos 11 aos 25 anos de
idade, quer acerca deles próprios como membros (activos) de uma comunidade,
de uma nacionalidade e de uma "europeidade" quer acerca da sociedade, através
de actividades/iniciativas simultaneamente lúdicas, motivadoras e desafiantes,
que permitam ao grupo-alvo das mesmas um maior e mais eficaz desenvolvimento
pessoal e social, bem como a formação de valores. Palavras chave desta mesma
dinâmica (nem que ideal) serão a igualdade de oportunidades, e também a educação
de pares, dando voz aos jovens que, mais facilmente, se desejarão e farão ouvir
no âmbito da tomada de decisões aos mais diversos níveis. Política esta que
em Inglaterra se encontra activamente implementada e regulamentada pelo Governo
desde o início da Segunda Guerra Mundial, envolvendo uma elaborada rede de autoridades,
instituições e forças locais que completam e reforçam uma política "juvenil"
diversificada que representa/espelha a realidade nacional, para a qual concorrem
cerca de 3.000 youth workers a tempo inteiro e cerca de 21.000 em regime de
part-time, estimando-se que meio milhão de pessoas se envolva, através do voluntariado,
nesta mesma área. A nossa abordagem comparativista serve de prelúdio a uma série
de artigos que redigiremos em torno das políticas de juventude e, sobretudo,
da importância e do papel da educação informal na preparação eficaz, realista
e motivadora das crianças, adolescentes e jovens para quem a escola, face às
actuais transformações sociais, é cada vez menos uma realidade única a responder
às suas necessidades e formação pessoal e cívica.
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