No ranking das indignações ocidentais que ocupam algum espaço
nos meios de comunicação social, a presença de um candidato de Extrema-Direita
na grande final das presidenciais francesas bate, de longe, o massacre que o
exército de Israel terá cometido no campo de refugiados palestinianos de Jenin.
O Governo de Israel (com ministros da Extrema-Direita ao Socialismo) tem vindo
a desafiar, impunemente, as Nações Unidas, mantendo uma ocupação militar ilegitima
e contrária ao Direito Internacional nos territórios palestinianos, impondo
a Yasser Arafat um prolongado sequestro, na própria casa do líder palestiniano,
e cercando e atacando a tiro igrejas que albergam gente que foge dos invasores.
Como se tudo isto não bastasse, o exército de Israel destruiu um campo de refugiados,
nos arredores da cidade de Jenin, território palestiniano, numa acção que organizações
internacionais independentes classificam de massacre e na qual terão sido cometidos
inqualificáveis crimes de guerra a fazer lembrar o terror nazi. O horror descrito
por sobreviventes de Jenin exigiria o inquérito que o Mundo reclama e que Israel
tenta travar.
Em França, como escrevia Paul Krugman no "The New York Times", Le Pen, um marginal
da política que é, seguramente, menino de coro tão refinado como qualquer ministro
de Berlusconi e conseguiu o apoio de 17% de desiludidos e desesperados, vai
disputar a segunda volta das presidenciais mas não será presidente, ao passo
que nos Estados Unidos "a gente que tem pontos de vista extremistas comparáveis
aos da Frente Nacional está em condições de os levar à prática".
Sublinhe-se que são estes quem permite que Sharon possa branquear o que aconteceu
em Jenin ou quem aplaude, antes do tempo, a intentona contra o venezuelano Chávez,
como se houvesse, no Mundo, terrorismos bons e golpes de Estado, em Democracia,
aceitáveis.
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