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As potencialidades de um clube desportivo escolar: o testemunho de uma

Temos defendido a ideia que a criação dos clubes escolares (CDE) pode contribuir para um novo papel da escola na formação do desportista, em especial nas etapas iniciais do processo de formação. Estamos convictos que a promoção da prática desportiva em ambiente escolar pode servir como estímulo a uma maior responsabilização dos deveres e dos direitos dos alunos na escola, na família e na sociedade. O nosso ponto de vista é baseado na experiência desenvolvida e reflectida no âmbito da coordenação do Clube Desportivo Bartolomeu Perestrelo, um clube que integra vários níveis de prática desportiva e que utiliza o desporto como um meio de educação e formação desportiva, com resultados muito interessantes nos planos educativo-desportivo, psicológico e social, de que é exemplo o título de campeão nacional de andebol. Apresentamos de forma sumária algumas potencialidades do CDE:

  1. Organização das práticas desportivas por níveis de aprendizagem
    A Educação Física curricular, os jogos inter-turmas, os núcleos de desporto escolar com e sem competição, o desporto federado, podem e devem coexistir de forma articulada e continuada por forma a responder às várias etapas de formação dos jovens e aos objectivos de cada um dos sectores e áreas. Os jogos e as competições nestes escalões também devem ser adaptados às necessidades e aos níveis de aprendizagem dos atletas.

  2. Aproveitamento e rentabilização das instalações desportivas com horários compatíveis
    Se as instalações desportivas susceptíveis de promoverem a prática desportiva estão afectas às escolas é natural e desejável que a gestão das mesmas seja feita de forma criteriosa e adequada aos projectos escolares. Cabe a cada escola encontrar o seu próprio modelo de organização dos horários de treinos de acordo com a sua realidade.

  3. Maior ligação entre a actividade desportiva e a actividade escolar curricular.
    O CDE pode servir para que os pais participem com maior intensidade na vida escolar dos seus filhos desde que haja uma preocupação comum de formar bons alunos e bons atletas. O desporto, não só é perfeitamente conciliável com os estudos como também pode ajudar o aluno a ser mais responsável no cumprimento dos seus deveres escolares e familiares. Tem havido alguns casos interessantes no âmbito da modificação das atitudes, dos valores sociais e da auto-confiança, a partir de uma prática desportiva desenvolvida em ambiente educativo.

  4. Autonomia financeira e organizativa
    Com as novas oportunidades de autonomia e gestão escolar prevê-se uma maior responsabilização dos professores, dos pais e dos alunos na definição do modelo de organização escolar. A criação dos CDE, desde que seja acompanhada de autonomia financeira e organizativa poderá gerir novas receitas e uma melhoria da qualidade das práticas desportivas

  5. Especialização dos professores no desporto escolar e criação de incentivos
    O CDE é uma excelente oportunidade para os professores e alunos que gostam da escola assumirem um papel mais especializado e adequado na orientação e gestão das práticas desportivas. Se se vier a generalizar os clubes desportivos escolares é necessário não descurar vários incentivos aos professores, entre os quais uma redução horária e a diferenciação de cargos, consentânea com as necessidades dos alunos.

  6. Maior abertura da escola em relação à comunidade através do desporto.
    A prática desportiva na escola ao fim do dia e aos fins de semana poderá contribuir para promover uma maior abertura dos estabelecimentos de ensino e das suas instalações à comunidade envolvente. Uma escola aberta e dinâmica poderá ser dinamizada através de práticas desportivas de lazer e recreação.

  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 110
Ano 11, Março 2002

Autoria:

Jorge Soares
Mestre em Gestão do Desporto. Ex-Coordendor do Clube Desportivo Bartolomeu Perestrelo. Assistente na Univ. da Madeira
Jorge Soares
Mestre em Gestão do Desporto. Ex-Coordendor do Clube Desportivo Bartolomeu Perestrelo. Assistente na Univ. da Madeira

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