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Dicionário politicamente incorrecto

ESCOLA

A Escola surgiu em Roma como reprodutora de um modelo de vida, como extensão da policia, valorizando e validando o "romano". A Escola actual responde ao modelo positivista, o qual considera apenas o que se pode avaliar, medir e repetir, omitindo o resto. Supostamente isto também implica um modelo de vida. Ou não é assim?

POSITIVISMO

O Positivismo, se é uma boa base do método científico e muito útil em certos fenómenos, é também uma corrente filosofica muito ultrapassada e obsoleta no que se refere ao ser humano e à sua educação, porque o seu campo não é capaz de abarcar a complexidade humana.

A escola anti positivista europeia e a filosofia Chinesa de há 1000 anos desprezam este modelo a partir do conceito de percepção.

EDUCAÇÃO

O Positivismo em educação teve um bom adepto em Bloom. A sua escola é a da teoria curricular, dos planos e programas de estudo.

O Positivismo Bloomiano está plasmado na nossa escola e na cabeça de milhares de professores - particularmente os do tempo da profissionalização em exercício - e contraria tudo o que se diz e defende sobre o desenvolvimento integral do educando.

O Positivismo em educação torna o Avaliar, o Medir como a questão central da actividade educativa.

CORRUPÇÃO

Corrupção é: Valorizar mais a recompensa do que a acção.

Isto desvaloriza o DAR em relação ao RECEBER (modelo infantil), desvaloriza o SER em relação ao TER, a actividade humana ACTIVA em relação à POSSE e ao CONSUMO. Opõe-se ao processo normal de amadurecimento humano. A contraproposta é o gosto por manifestar-se, o gosto de viver, a recompensa como fruto do desempenho de uma acção que se desfruta, e não a recompensa como motor da acção.

Os professores - para além de práticas corruptoras dos alunos - quando discutem a sua carreira, os seus direitos e deveres, fazem-no, muitas vezes, com argumentos corruptos.

EDUCAÇÃO CORRUPTA

De acordo com a definição de corrupção anterior, aceitar o medir e avaliar, como principal função educativa é corrupto. Trabalhar apenas a troco de dinheiro ou amar apenas quando se é amado é corrupto: é uma disfunção individual socialmente falando.

De acordo com o modelo Positivista, a criança compra afecto, filiação e segurança. Com as classificações, aprende a funcionar em função do valor da recompensa e não do valor da acção.

Um professor bem intencionado pode ser o maior corruptor da nossa sociedade - contra si e contra os seus interesses de classe - sem se dar conta do que faz.

POLICIA EDUCATIVO

O professor do sistema educativo nacional - seja em escolas públicas ou privadas - é uma vitima. Na verdade esse professor não decide nem a politica nem os programas de estudo e é reduzido à condição do policia educativo que vigia o rendimento dos alunos em relação a conteúdos uniformizantes determinados pelas autoridades.

CONCLUSÃO

A actividade quotidiana dos professores continua a ser a repetição de modelos bolorentos e não revistos bem como a vivência de formas educativas incongruentes e desfasadas dos desafios que enfrenta a humanidade neste fim de século.

É preciso amadurecer como individuo e como sociedade, aprender a desfrutar o acto de dar-se. Educar pelos valores é valorizar o individuo, a sua acção, o seu ser - tudo o que ele manifesta - em muito maior grau do que a sua recompensa. É preciso dar uma valor determinante à aprendizagem e atribuir um valor cada vez menor à avaliação.

PROPOSTA

As propostas inovadoras, em relação ao que ficou dito, são pertença e responsabilidade dos colectivos. Abertura perceptiva (dar valor a formas perceptivas que escapam ao modelo positivo). Escolas livres são aquelas onde a avó de cada um pode ir como quem vai à procura de saúde. Não condicionar a educação, não a manter a escola dependente das autoridades educativas, ligá-la aos membros das comunidades locais, aos frequentadores e aos interessados directamente em quem a frequenta é por a escola a funcionar de acordo com o interesse público. É isso que torna pública a educação. Essa é que é a escola pública. Fazer da escola, uma escola pública - e não Estatal - exige imaginação e criatividade de muita gente, de gente capaz de pensar e por em prática novas soluções. Não é esta a escola que conhecemos e sofremos actualmente.

A tecnologia recente e as novas formas de comunicação, permitem chegar a fontes de informação e a recursos de aprendizagem por custos semelhantes aos que se continuam a investir em arquitectura obsoleta e em material educativo inoperante e desadequado.

O sindicalismo docente tem de ter implícita a renovação, tem de saber reconhecer os novos desafios, tem de saber reconhecer as diferenças entre Escola Pública, Escola Estatal, Escola Privada e saber tirar daí todas as consequências para a sua acção.

José Paulo Serralheiro


  
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Autoria:

José Paulo Serralheiro
Professor e Jornalista. Director do Jornal a Página da Educação.
José Paulo Serralheiro
Professor e Jornalista. Director do Jornal a Página da Educação.

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