Ex.mo Sr. Director

de ' A Página' da Educação.

Não será preciso evocar a Lei da Imprensa para solicitar a publicação destas minhas achegas aos bem elaborados artigos do Prof. José Pacheco que dignificam os professores do Ensino Primário ou 1º Ciclo do Ensino Básicos pois é notória a pobreza e a escassez de artigos sobre o 1º Ciclo nas páginas deste mensário.

É realmente pena que muitos professores do Ensino Primário não leiam, não gostem de ler e ...escrever. Como poderão incutir nos seus alunos hábitos de leitura? Ou limitam-se a ler, com os alunos, os pobres textos do Livro de Leitura adoptado pela Escola?

Não terão na sua escola uma pequena Biblioteca para fazer com os seus alunos 'Sessões de Leitura'? Ora, isto vem a propósito do artigo de José Pacheco ' De que nos vale esta pureza?', publicado no nº 60 de A Página/Agosto/Setembro. O Professor de Ensino Primário não lê e ... critica o que ainda não leu... Bom exemplo para os alunos!

Pois eu deleito-me a ler as peças do José Pacheco. O seu sentido crítico, o seu bom-senso, a sua argúcia pedagógica que é raro encontrar-se hoje em dia. O professor preocupa-se muito com as avaliações trimestrais, os exames e não se lembra que ' em educação, perder tempo é ganhar'...Por exemplo, entra uma criança aos 6 anos numa escola, ainda é imaturo para iniciar a aprendizagem da escrita, leitura e cálculo. Dê o professor ao seu educando o tempo necessário para amadurecer, sem se preocupar muito com o êxito escolar imediato.

Pois o Prof. José Pacheco tem escrito artigos que vale a pena ler e neles reflectir, como 'Filhos de um deus menor?', de Julho de 1997 e mais recentemente ' INCLUSÕES', que já cria polémica e 'De que nos vale esta Pureza?' sobre a avaliação no ensino básico. O meu desejo é que José Pacheco continue a escrever para enriquecimento de todos nós, dignificando os Professores do 1º Ciclo e o Jornal onde são escritos. Bem Haja!

POST SCRIPTUM;

O PROFESSOR José Pacheco leva para a Escola toda a sua humanidade. Ele está, evidentemente, ao corrente de métodos modernos da pedagogia e da didáctica, mas a paixão e o entusiasmo de que fala ultrapassam os limites da ' paixão pedagógica' e do entusiasmo didáctico. É um professor que gosta de 'pisar o risco' das directivas, avesso à burocracia do sistema educativo.

Não podemos pedir-lhe modelos a estudar e a imitar. Talvez até não concordemos com alguns métodos que utiliza. Podemos, sim, invejar-lhe a sua sinceridade total, a sua honestidade moral e intelectual. O que o corpo docente da sua escola quer é que os alunos vivam felizes. Quer uma escola onde dê gosto viver.

O ensino ensinou ao José Pacheco que as crianças devem estar contentes na escola, que devem aprender o prazer da leitura e escrita com liberdade e responsabilidade. Esta é a alegria de ensinar.

José S. Strecht Ribeiro

Castelo de Paiva 11 de Set./97