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É fundamental que as escolas sensibilizem para a arte e para a liberdade de pensamento

Natural de Vieiro, Trás-os-Montes, Graça Morais é um dos nomes fundamentais da arte portuguesa contemporânea. Licenciada em Pintura pela Escola Superior de Belas Artes do Porto (1971), vive e trabalha entre Lisboa e a aldeia natal, onde tem atelier e se refugia para se dedicar à pintura. Expôs pela primeira vez em 1974, no Museu Alberto Sampaio, em Guimarães, onde, dois anos antes, tinha iniciado a carreira de professora do Ensino Básico. Entre 1977-1979 interrompeu a actividade docente e viveu em Paris, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. De regresso a Vieiro, em 1981, retrouver e dire sa vie – título de um texto que publicara na capital francesa – passa a ser o lema da sua obra. Em 1997 teve lugar a sua exposição antológica Memória da Terra, Retrato de Mulher, na Culturgest (Lisboa) e no Museu Nacional Soares dos Reis (Porto). Mais recentemente (2008), em Bragança, inaugurou o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, fruto de um protocolo assinado entre a autarquia transmontana e o município de Zamora, Espanha (projecto do arquitecto Eduardo Souto de Moura). A sua vasta obra está representada, quer em colecções particulares, quer em intervenções de arte pública, tanto em Portugal como no estrangeiro. A par da pintura, tem um percurso artístico reconhecido nas áreas da tapeçaria, azulejaria, cenografia e ilustração. Graça Morais recebeu a PÁGINA no seu atelier em Trás-os-Montes. Em cima da mesa de trabalho, três aguarelas retratavam batatas, romãs e um ramo de videira – imagens que ilustram a forte identificação da artista com a terra e que deram o mote para o início da conversa.

 

A sua ligação ao campo e ao mundo rural influenciou de alguma forma o seu trabalho?

Com certeza. Eu acho que não seria a pessoa que sou hoje se não tivesse nascido nestas terras e se não tivesse vivido os primeiros sete anos da minha vida numa aldeia de Trás-os-Montes. Essa vivência foi fundamental para formar o meu carácter e para o facto de, já adulta, ter optado pela vida artística e por pintar. Não sei se essa escolha estará relacionada com o facto de ter nascido e crescido aqui, mas há coisas na vida que são um mistério, não é?

 

O que pretende reflectir através da sua obra, e onde vai buscar a inspiração?

Eu não falaria tanto em inspiração, mas, sobretudo, em vivências, emoções, intuições... E numa grande reflexão sobre a vida e sobre aquilo que me cerca. É por essa razão que, muitas vezes, os motivos que escolho estão relacionados com uma memória – essa tal memória de infância – e com uma existência actual num certo espaço geográfico, mas também com aquilo que eu sinto à minha volta, com o mundo global, com as múltiplas informações que vou recebendo através do que leio, do que vejo na televisão, do que as pessoas me contam... Enfim, daquilo que os meus olhos vêem. Por vezes, a minha pintura baseia-se em coisas muito simples. Quando regresso à aldeia, por exemplo, peço sempre que me guardem batatas greladas. Isto, porque estabeleço uma relação entre a velhice das batatas – que quando começam a grelar já não servem para comer – e a velhice das pessoas… De certa forma, acho que a batata continua viva, porque continua a desenvolver tubérculos, a crescer e a ganhar outras formas. As pessoas, na sua velhice, também podem deixar de ser úteis num determinado trabalho – naquilo que habitualmente se considera produtividade –, mas continuam a ganhar uma beleza e um desenvolvimento no seu aspecto que me interessa observar e que são muitas vezes motivo de trabalhos que eu vou fazendo. Se repararmos bem, a batata depois de passada para o papel deixa de ser uma simples batata, transforma-se: pode ser um barco, um submarino, um bicho… Todos os anos, conforme as estações, vou guardando produtos próprios da época que acabam por entrar nos meus quadros.

 

Para além desse aspecto naturalista, se assim lhe pudermos chamar, a sua pintura reflecte de algum modo preocupações de ordem política e ecológica? Ou é exclusivamente estética?

Não, porque acho que só a estética não interessa. Às vezes, aquilo que eu pinto até nem tem nada de estético, nem me preocupa particularmente se fica atraente ou bonito. Preocupa-me é que comunique aquilo que eu sinto intensamente.

 

Mas tem essas preocupações de ordem política ou ecológica?

Tenho, com certeza. Porque me preocupo cada vez mais com o rumo que o mundo toma. Apesar de não militar em nenhuma causa ou partido, procuro estar atenta e defender a ideia de que temos de ver com outro olhar a natureza que nos rodeia, que temos de valorizar esta paisagem maravilhosa… E até, através destes pequeninos apontamentos, chamar a atenção para o facto de mesmo as coisas mais simples fazerem parte do nosso património.

 

A defesa de uma identidade ligada ao mundo rural...

Completamente. Com o reconhecimento de uma identidade e com a valorização dessa identidade. E é importante, neste sentido, que os alunos, nas suas diversas fases de aprendizagem, comecem a reflectir sobre essa identidade. Porque cada qual tem uma identidade própria, sejam os jovens que estudam em escolas do litoral, na capital ou aqui, nestas zonas mais isoladas... É fundamental que procurem saber quem são, quem são os pais, quem foram os avós, as histórias que os avós ainda têm para lhes contar. Enfim, que se reconheçam nessas origens e nessa identidade e que tenham orgulho nela.

 

Não acha que o encerramento das escolas em meio rural poderá, até certo ponto, castrar a procura e o reflexo dessa identidade?

Depende. A escola de Vieiro, por exemplo, que eu frequentei em pequena, fechou há quatro anos. Tinha apenas três crianças. No dia em que a escola encerrou, eu estava presente e encontrei essas crianças e a professora, que vinha diariamente de Vinhais, a mais de cem quilómetros, muitas vezes com nevoeiro, gelo e neve. Na minha opinião, é profundamente errado colocarem-se professores a distâncias tão grandes de sua casa. Não é só errado, é desumano! Esses professores – que no ensino primário são na maioria professoras – estão muitas vezes em sofrimento, por estarem afastadas dos próprios filhos e da família, têm muitas despesas de deslocação que o Estado não suporta, etc. Ao mesmo tempo, hoje em dia, a própria comunidade não as reconhece nem as estima como estimava as antigas professoras que viviam nas aldeias.

 

Mas não concorda que, encerrando a escola, se faz desaparecer um dos últimos e principais símbolos da comunidade?

Não necessariamente. Aquelas três crianças frequentam agora uma escola que fica a cinco quilómetros, na mesma freguesia. Essa identidade que existia em Vieiro acaba, assim, por ter continuidade ali. Claro que eu preferiria que as crianças não saíssem da sua localidade, da comunidade onde está a família, que pudessem almoçar em casa. Mas sendo apenas três crianças e uma professora, penso que eles têm mais a ganhar estando na companhia de outras crianças e de terem outros meios materiais para se exprimirem e valorizarem, que ali provavelmente não teriam. Além do mais, a escola não ficou esquecida. Nessa altura falei com a Câmara Municipal e o presidente comprometeu-se a dar-lhe destino. Eu própria estou a colaborar nesse processo de transformação, que a irá tornar num centro de memória e de dinamização comunitária. Esperemos que possa ser um exemplo. Ficaria com pena era se se degradasse. Aí, sim, perdia-se um pólo importante da terra. Porque a escola e a igreja são, de facto, dois centros fundamentais para que a comunidade se encontre e continue a sentir afinidades, as afinidades dos afectos, da memória comum, da família e dos amigos.

 

O mercado da arte é um jogo de oferta e de procura

 

Disse numa entrevista que deixou de gostar de apresentar exposições. Porquê?

Eu não disse exactamente isso. o que pretendi dizer é que a minha agenda é tão preenchida com solicitações de toda a natureza que, por vezes, não dedico o tempo que queria à pintura. Ainda recentemente adiei uma exposição, que já não se realizará no próximo ano, como estava agendado, mas apenas em 2012. o meu mês nunca tem trinta dias… Sobretudo desde que inaugurei o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança, no mínimo de três em três meses presto apoio ao centro, vou às inaugurações, tenho reuniões com o director. Eu própria gosto de mudar a colecção das minhas obras que estão em exposição. E isso dá sempre muito trabalho. A montagem de uma exposição é para mim motivo de grande entrega: nas escolhas das obras, no contacto com as pessoas, na montagem da exposição propriamente dita... E eu nunca delego esse trabalho em ninguém. Tudo isto causa interrupção no meu trabalho. É por isso que por vezes digo: “eu não quero expor, o que eu quero é pintar!”. E, de facto, sinto cada vez mais falta de tempo para estar no meu atelier a trabalhar.

 

Como é hoje ser pintor de artes plásticas em Portugal?

Acho que já foi mais difícil. Quando terminei o curso das Belas Artes, tive de me dedicar ao ensino porque não conseguiria sobreviver apenas da pintura. E essa situação ainda se prolongou durante alguns anos. Mas eu sempre gostei muito de dar aulas, e tive, nesse aspecto, uma relação muito especial com a Escola Preparatória João de Meira, em Guimarães. Foi onde tive os alunos mais criativos e o meio ambiente mais inspirador – toda a cidade era, aliás, muito inspiradora. Além disso, e como dei aulas logo após o 25 de Abril, tive a sorte de usufruir de uma grande liberdade de trabalho. Penso que foram anos muito ricos para mim, porque aprendi com os alunos e também sinto que lhes dei muito. Hoje em dia, ainda encontro muitos desses alunos, já adultos e com filhos, e o reencontro é sempre muito gratificante. E sinto o mesmo da parte deles. Acho que foi o lugar onde fui melhor professora.

 

Mas é possível viver exclusivamente do trabalho de arte plástica?

Eu penso que sim. Apesar de nestes últimos dois anos a situação económica se ter tornado muito difícil, os anos 80 e 90 foram muito bons para os artistas plásticos. Havia jovens que estavam ainda a estudar nas Belas Artes e as galerias iam lá buscá-los para exporem. Mais recentemente, conheci muitos jovens em Lisboa e no Porto que saíram directamente da escola para o mercado, expondo e vendendo o seu trabalho. Não conheço nenhum artista do meu tempo, inclusivamente os mais antigos, que tenha conseguido sobreviver sem dar aulas ou ter outro emprego. No meu caso, como já referi, era professora. A partir de determinada altura disse para mim mesma que não conseguia conciliar o ensino com a pintura. Porque dedicava-me tanto aos alunos que saía de lá esgotada… Durante muitos anos não tive fins-de-semana, ou férias, porque aproveitava essas alturas para pintar. E comecei a sentir que nem esse tempo chegava. Por isso, deixei o ensino durante algum tempo, com uma licença sem vencimento ou equiparação a bolseira. Foi isso que me permitiu passar a dedicar-me à pintura a tempo inteiro.

 

Partilha a ideia de que a arte se tem vindo a transformar num mero mercado?

Não, embora, para alguns, talvez isso seja verdade. Mas deriva do facto de vivermos tempos de grande consumo. os últimos anos foram uma época de grande delírio, de uma corrida para o abismo. E algumas pessoas realmente venderam a alma ao diabo. Houve pintores e escultores – a quem eu não chamo artistas – cuja única preocupação era vender. E a arte deles tornou-se numa arte especulativa e vazia. Porque um grande artista nunca corre atrás do mercado, é o mercado que corre atrás dele. E o que faz o mercado é o facto de certas peças serem tão únicas que acabam por se valorizar por elas mesmas.

 

Mas quem regula esse mercado, e quem beneficia mais com ele?

Eu não serei a pessoa mais indicada para elucidar sobre essa questão, mas, partindo da minha experiência, a entrada das minhas obras no mercado de arte foi muito lenta e gradual. E para isso teve uma grande importância eu estar ligada a uma grande galeria de arte – no caso, a Galeria 111, cujo director, o Manuel de Brito, era uma grande galerista. Era ele que estava encarregado dessa parte, porque eu nunca tive jeito nem queria perder tempo com a faceta mercantil da minha obra.

 

A questão era mais no sentido de saber se o mercado de arte se tornou especulativo, tal como acontece com outros mercados, nomeadamente o financeiro...

Isso tornou-se normal. Hoje em dia, vendem-se Van Goghs por preços exorbitantes... No fundo é um valor, como são os diamantes ou outras peças. Neste caso, ainda mais, porque a obra de arte é uma peça única e especial que um ser humano deixa a outros. E quem tem dinheiro quer ser dono dessa obra, dono de um bocado da alma desse artista, da sua criatividade. Algumas pessoas encaram isso como uma verdadeira paixão, não apenas para investirem dinheiro. O mercado da arte, no fundo, é um jogo de oferta e de procura. E quando a procura é muita, o preço naturalmente sobe. Não sei exactamente é como se processa esse mecanismo de procura. Será sobretudo pela qualidade do artista, mas também pela influência da crítica de arte... Por uma conjuntura, enfim, que dá destaque a determinado artista.

 

Acha que esse jogo de mercado poderá, até certo ponto, influenciar ou determinar o trabalho de certos artistas?

Não deveria. o meu marchand achava graça ao facto de muitos dos seus clientes habituais, que eram convidados a visitar as minhas exposições antes da inauguração, chegarem lá e não comprarem nada. Isto, explicava-me ele, porque o trabalho que eu apresentava era muito diferente do anterior. E isso deixava-os muito indecisos… Nas alturas em que eu vendia bem, muitas vezes mudava o tema ou a técnica do meu trabalho. Mas não era de propósito, simplesmente sentia necessidade de fazer outra coisa. Porque a arte, afinal, não é uma fábrica de sapatos… Um artista que preze a sua qualidade tem de saber estar presente no seu tempo, e para isso precisa de estar informado, saber o que se faz noutros lados. Porque podemos pensar que estamos a fazer uma grande pintura e ela não ter qualquer interesse, porque já foi feita quase da mesma maneira num outro lugar. E para isso a informação é fundamental. Não para copiar, mas para saber o que se passa no mundo. o mercado de arte é feito com a crítica, é feito com os marchands, é feito com os museus que expõem os artistas, com as revistas de arte, etc. É todo um processo de reconhecimento de um nome. E muitos artistas nunca chegam a ser reconhecidos em vida, apesar da sua qualidade.

 

Continua a pensar que faz falta um centro de arte onde seja possível concentrar e encontrar a obra de artistas portugueses contemporâneos num mesmo local?

Não me referia apenas a artistas portugueses, mas deveria ser um centro onde se encontrassem muitos artistas portugueses. O Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian continua a ter um grande acervo patrimonial de artistas portugueses, mas já não é aquele lugar onde se podiam encontrar num mesmo espaço diversos artistas de diferentes épocas, do século XX até ao presente, tendo vindo a privilegiar, nos últimos anos, as exposições individuais e as instalações. Além da Gulbenkian, o único sítio onde podemos ver o trabalho de grandes artistas portugueses é no Centro de Arte Manuel de Brito, em Algés. Para além destes, não há um espaço onde se possa ter uma perspectiva alargada e retrospectiva da arte portuguesa. Há é lugares como a Fundação de Serralves, que vão fazendo exposições temporárias.

 

O conceito tradicional dos museus tem vindo a alterar-se. Na sua opinião, que papel devem desempenhar os museus e as fundações? Conservação, intervenção, formação de públicos?...

É o papel que praticamente todos têm vindo a esforçar-se por cumprir, nomeadamente o de um serviço educativo de boa qualidade, vocacionado quer para o público infanto-juvenil, quer para o público adulto. Eu acho que, pela primeira vez, os jovens têm a oportunidade de ver arte ao vivo, de falar com os artistas da sua preferência. É um papel de formação de públicos diversos. Nesse sentido, tenho reparado que esses espaços – nomeadamente aqueles onde realizo exposições – são muito frequentados por pessoas já na idade da reforma, sobretudo mulheres. Julgo que, em geral, as mulheres têm um maior interesse pela arte. Mas não é só aqui, é por toda a Europa. Vou muitas vezes a museus e chego a encontrar grupos constituídos apenas por mulheres que têm uma grande apetência pela vida, para passear e para ver arte.

 

A arte pode ser uma fonte de liberdade

 

E a Escola, de que forma pode desempenhar, também ela, o papel de formação de públicos?

A escola, se for sensibilizada para esse objectivo, é uma das primeiras instituições a querer frequentar os espaços ligados à arte, aprendendo e motivando os alunos.

 

E considera que ela tem essa preocupação?

Sim, e tenho experiências que o demonstram.

 

Pergunto, porque, nos últimos anos, as políticas educativas têm encarado a Escola, sobretudo, como meio para a obtenção de conhecimentos e de resultados de ordem prática, acusando-a frequentemente de não estar a conseguir cumprir esse papel…

Eu penso que, desde que se puseram em prática estas últimas reformas, os professores estão sobrecarregados com burocracia e espartilhados com tarefas que não deveriam ocupar tanto espaço da sua actividade quotidiana. Não só por colocarem a sua saúde e o equilíbrio familiar em risco, mas também pelo mal-estar que se gera nas escolas. Além de tudo, um professor que realmente queira conduzir os seus alunos a dimensões mais próximas da liberdade de pensamento, fica muito pressionado pela falta de tempo. Embora precisem de adquirir conhecimentos de carácter mais racional e empírico, que são extremamente úteis para a vida, eu acredito que a arte pode constituir uma grande fonte de liberdade para os jovens. É fundamental que haja também nas escolas uma cultura que sensibilize para a arte e para a liberdade do pensamento.

 

Sentia esse apelo quando ainda era estudante?

Quando andei a estudar em Bragança, eu queria ver pintura, mas não tinha acesso a ela. Quando visitava o Museu Abade de Baçal, que era o único espaço museológico da cidade, o que encontrava era meia dúzia de aguarelas e uma ou outra pintura. E isso não satisfazia, de forma nenhuma, a ânsia que sentia. Daí eu preocupar-me, hoje, em conferir muita qualidade àquilo que se mostra em Bragança, porque embora não pretenda que aqueles jovens venham todos a tornar-se artistas, gostaria que soubessem distinguir mais tarde entre o que é bom e o que é mau, entre o que tem qualidade e o que não tem. Porque as pessoas da minha geração, só para dar um exemplo, nunca foram educadas para perceber quando é que uma música tem ou não tem qualidade. Porque não havia educação musical, ou era fraca. o mesmo se passava ao nível do conhecimento da expressão artística. É por essa razão que é fundamental que mais pessoas tenham contacto com a arte nas escolas e acesso a espaços como a Casa da Música, a Fundação Gulbenkian, Serralves ou os pequenos centros de arte que se vão criando um pouco por todo o país. Nós temos grandes artistas, desde escritores a pintores e a músicos, o que eles precisam é de ter espaço para mostrarem aquilo que fazem.

 

A Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual está a organizar o concurso À descoberta das nossas raízes com Graça Morais. Para concluir, e aproveitando o facto de nos referirmos ao papel da Escola neste domínio, pode desvendar um pouco este projecto?

Ainda que o concurso tenha essa designação, cada edição foi dedicado a um artista em particular: do Almada Negreiros à Vieira da Silva e ao Arpad Szenes, passando pela Josefa de Óbidos e pelo Júlio Resende. Apesar de os leitores poderem obter informação completa na página da associação, eu diria resumidamente que é um concurso aberto a todas as escolas, desde o Pré-Escolar ao Ensino Superior, e que cada uma poderá apresentar algumas obras. que depois serão expostas em Bragança, em Maio – altura em que se realiza um congresso e são atribuídos os prémios finais. o objectivo é que os professores trabalhem as memórias e as identidades com os alunos, procurando as raízes da comunidade onde vivem ou de onde são oriundos.

 

O que sentiu quando soube deste concurso?

Num dos dois seminários que foram realizados no âmbito da iniciativa, afirmei que era o melhor prémio que me poderiam ter dado. Porque fui professora, sei o que é valorizar a relação dos alunos com a comunidade e com algo que se relaciona com valores imateriais – que é o nosso património, aquilo que nós somos enquanto pessoas, a nossa história como portugueses. Pela minha parte, toda a vida lutei para chamar a atenção dos alunos para o país, para o que os cercava, e para a valorização das coisas mais simples que têm a ver com a estética que nos rodeia e com a cultura, de um modo geral. Sinceramente, estou muito curiosa para ver os trabalhos que daqui irão resultar…

Ricardo Jorge Costa (entrevista)

Teresa Couto (fotografia)


  
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