Criar uma escola exclusiva para os alunos com melhores notas no ensino obrigatório (que abarca alunos com idades dos 6 aos 16 anos). A proposta foi avançada por Esperanza Aguirre pela presidente da Comunidade de Madrid, em Espanha, avança o diário El País, na sua edição electrónica de hoje.
Os designados “Bacharelatos de excelência” permitiriam distinguir entre os alunos cuja nota mínima de oito e sete valores na prova de Conhecimentos e Competências Indispensáveis, o exame regional que se aplica na passagem no 6.º ano do ensino primário espanhol, e que no sistema educativo português equivale ao 6.º ano do ensino básico, e no 3.º ano da Educação Secundária Obrigatória (ESO), equivalente ao 9.º ano do ensino básico português.
Segundo Aguirre, este modelo vai permitir oferecer aos estudantes “um ensino que, como eles aspira a uma excelência máxima”, noticia hoje o jornal espanhol El País. O Ministério da Educação, numa resposta pouco habitual já que as regiões gozam de autonomia nas suas decisões, veio acusar esta proposta de ser “segregadora” e contrária “ao princípio básico de socialização nas aulas”.
O modelo é único em Espanha e mesmo os países com melhores resultados no PISA, como a Finlândia, estão longe de aplicar tal diferenciação. Mas em Madrid, a Comunidade quer começar já com um projecto-piloto deste género em quatro disciplinas do 1.º ano de Bacharelato, equivalente ao 11.º ano do sistema educativo português. Assim, haverá uma modalidade de Ciências e Tecnologia e outra de Ciências Sociais. “Vão-se eleger entre 80 a 100 alunos que queiram ingressar neste modelo de forma voluntária”, disse a porta-voz do Conselho da Educação, órgão regional responsável pela Educação, ao El Pais.
Acesso automático ou mediante um exame
Os alunos distinguidos com o Prémio Extraordinário no Secundário – cerca de 25 por ano – terão acesso automático à escola de excelência. Os restantes aspirantes terão de realizar um exame de ingresso sobre o qual o Conselho da Educação não adiantou detalhes, noticia o El País.
Em Madrid estima-se que 3 mil alunos possam apresentar-se a este exame, segundo o Conselho da Educação, que não precisou o modo como se propõe ampliar este modelo aos restantes níveis de ensino. Tão pouco adiantou detalhes sobre o modo como seleccionará os “melhores professores” que receberão um suplemento económico por leccionar aulas nesta escola, nem explicou como será o plano de estudos dos futuros alunos.
O Ministério da Educação considerou a proposta madrilena “preocupante”: “Medidas como esta mostram o currículo oculto do PP”, tudo o que não havia sido dito começamos agora a ver”, disse Mario Bedera, secretário de Estado de Educação. Bedera acusa o modelo de ser “segregador” e afirma que potencia o risco de serem criados “guetos”, ainda que não haja nenhuma lei que impeça a Comunidade de desenvolver uma iniciativa como esta.
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