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Marionetas do Porto – histórias e vidas articuladas

À entrada, o Gigante do “Polegarzinho” dá as boas-vindas aos visitantes, e nem a cara séria desmotiva a visita ao Museu das Marionetas do Porto. Inaugurado em fevereiro, o espaço nasceu do sonho do mentor do Teatro de Marionetas do Porto – João Paulo Seara Cardoso – e materializou-se no ano em que a companhia celebra 25 anos de memórias de espetáculos e personagens articuladas que contam alegrias, tristezas, dores, prazeres e tragédias. Vidas. Histórias.

“No museu, os visitantes descobrem a marioneta contemporânea”, explicou à PÁGINA a diretora artística do TMP, Isabel Barros. Descoberta que se faz através dos cenários e personagens que a companhia pôs em cena e das ilustrações (Júlio Vanzeler) que povoam o rés do chão.

“Miséria”, um espetáculo de 1991, está em mostra permanente, dividindo o primeiro andar do museu com “Joanica Puff” (1995), “Óscar” (1999) e “História da Praia Grande” (2003). Subindo ao segundo andar, “O Princípio do Prazer” (2003) partilha o espaço com os materiais que deram corpo e vida a “Paisagem Azul Com Automóveis” (2001), “Nada ou o Silêncio de Beckett” (1999) e “Teatro Dom Roberto” (1988), este também em exposição permanente. Estas foram as obras selecionadas para O Segredo das Nuvens, exposição que vai estar patente até 30 de setembro. Depois, outros cenários e personagens vão ocupar o Museu das Marionetas, no centro histórico do Porto.

 

 

ORA DIGA LÁ… ISABEL BARROS

 

Como resumiria os 25 anos do TMP?

O Teatro de Marionetas do Porto criou uma história. A história das marionetas em Portugal passa pelo trabalho inovador, e de estética muito forte, do João Paulo Seara Cardoso com a equipa permanente e com os colaboradores que participaram em cada criação. 25 anos de intenso trabalho, de muitas digressões nacionais e estrangeiras, muitas vezes assinaladas por prémios que distinguiram as obras apresentadas; 25 anos a criar público, a ver crescer os mais novos, que continuam a acompanhar as novas criações da companhia; 25 anos a fazer uma verdadeira escola de atores/marionetistas, alguns dos quais agora com outros projetos.

Como surgiu a companhia e, posteriormente, a ideia de abertura do museu?

O Teatro de Marionetas do Porto foi fundado pelo João Paulo, em 1988, centrando a sua atividade na criação de espetáculos que resultavam da pesquisa do património popular. Dessa fase, destaca-se o estudo e reconstituição da velha tradição do teatro Dom Roberto. Partindo dessas raízes, a companhia progrediu, através de criações com um certo cariz experimental, no sentido da procura de elementos de modernidade na marioneta – “Exit” (1998) é o espetáculo que mais claramente consolida esse rumo. Atualmente, a prática teatral da companhia revela uma visão não convencional da marioneta – conceito, aliás, continuamente atualizado – e o entendimento do teatro de marionetas como uma linguagem poética e imagética evocativa da contemporaneidade. Procura-se encontrar novas formas de conceção das marionetas, no limite objetos cinéticos, e novas possibilidades de explorar a gramática desta linguagem teatral no que diz respeito à interpretação e à relação transversal com outras áreas de expressão, como a dança, as artes plásticas, a música e a imagem. O Museu das Marionetas do Porto foi um sonho do João Paulo, que não pode concretizar em vida, e que eu e a equipa do TMP inaugurámos a 3 de fevereiro de 2013.

Tem sido uma boa aposta?

O museu é um novo lugar na cidade, um lugar de partilha de um universo muito peculiar. Aqui, os visitantes descobrem a marioneta contemporânea. A localização, no centro histórico da cidade, permite um fluxo de turistas de todo o mundo que lhe dá uma dimensão muito interessante. O trabalho que estamos a desenvolver abrange pequenos e grandes, famílias e escolas, sendo um espaço de contágio, onde a história e o património se (re)interpretam.

Quais são as expectativas para o futuro?

Com a abertura do museu, uma nova presença foi introduzida no Teatro de Marionetas do Porto. O museu está em construção, no sentido de ter nascido em fevereiro e estar a dar os primeiros passos. Sentimos que o futuro passará pelo fortalecimento deste novo elemento, que completa um conceito e que inscreve na cidade do Porto, de uma forma sublime, um grande homem de teatro: João Paulo Seara Cardoso [1956-2010].

Maria João Leite (texto)

Ana Alvim (fotografia)


  
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