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“Os alunos mostraram-se resilientes, motivados e muito responsáveis”

A pandemia afetou a Educação, levando-a a reinventar-se para fazer frente a estes tempos complicados. O Ensino à Distância foi a solução encontrada para que os alunos continuassem a ter aulas e as novidades foram muitas. A Página da Educação quis saber junto dos professores como foi a experiência de lecionar em casa, recorrendo aos meios digitais, os benefícios que se podem retirar deste método de ensino e as suas expetativas para o próximo ano letivo.

Esta semana, falamos com Mónica Cardoso, professora do 1º Ciclo (ensino particular).

 

Como decorreu o ensino à distância neste terceiro período? 

Decorreu muito bem, tendo em conta o impacto pessoal e social que esta situação teve na minha vida e na dos meus alunos. Foi elaborado um plano de aulas à distância pela minha instituição de ensino que, a meu ver, foi bastante equilibrado. Sendo uma escola em todos alunos têm computadores e já habituados às várias aplicações do Microsoft Office 365 (Outlook, Forms, PowerPoint…) no seu dia a dia, a adaptação ao Teams foi serena. Tivemos apoio técnico que nos ajudou, sempre, ao longo deste processo. Fizemos, diariamente, três videochamadas (aulas síncronas), em que duas aulas eram comigo e a outra era com professores coadjuvantes. As tarefas definidas para trabalho individual eram entregues e corrigidas diariamente.

Que balanço faz da experiência?

Faço um balanço positivo, pois os alunos mostraram-se resilientes, motivados e muito responsáveis, tento em conta a faixa etária. Saliento que, sem o apoio dos encarregados de educação, tal “sucesso” não seria possível. Eles foram fundamentais durante este período de ensino à distância, orientando os seus filhos na organização e realização das tarefas diárias, na pontualidade e participação responsável nas videochamadas. Há, efetivamente, um cansaço mental e físico muito grande, pois estivemos constantemente “ligados”. O cérebro e os olhos não descansaram! Os momentos de pausa quase não existiram, pois havia sempre tarefas para corrigir, para enviar, aulas para planear…

Quais as principais dificuldades e potencialidades desta modalidade de ensino?

A maior dificuldade nesta modalidade de ensino é sentir, ao final de um dia de trabalho, que não cheguei a todos os alunos, que alguém me escapou. Sentir que os conhecimentos estão a ser transmitidos, mas não consolidados como eu desejaria. A maior potencialidade é o contacto visual com os alunos, o poder ajudá-los nas tarefas, individualmente.

Considera que o ensino à distância foi a melhor solução face à emergência sanitária? Pode ou deve ser continuada ou retomada noutras circunstâncias?

Sim, claramente! Rapidamente percebi o potencial desta metodologia de aprendizagem suportada pela tecnologia. A aprendizagem de novos conteúdos ou a revisão dos mesmos ficou garantida. Na minha opinião, esta modalidade de ensino deve ser encarada como uma ferramenta muito útil no processo de ensino-aprendizagem. Deve ser continuada, a par com as aulas presenciais. É útil não só em circunstâncias de confinamento sanitário, como quando algum aluno adoece porque poderá, deste modo, assistir às aulas, por exemplo.

A distância permite manter uma relação privilegiada com os alunos ou levanta muitas dificuldades?

A distância física, nestas idades, afeta a relação com os alunos. Eles precisam de atenção, de mimo, de toque, da palavra certa no momento exato para perceberem que podem confiar em nós.

Que benefícios retira desta experiência que, futuramente, possa aplicar nas aulas presenciais?

Continuarei a usar, certamente, as várias ferramentas da Microsoft Office 365 para partilhar fichas, videoaulas e para videochamadas com quem não pode estar presente nas aulas. Não tenho dúvidas que este modelo de aprendizagem veio para ficar e desempenhará um papel importante no futuro do ensino.

Que expectativas tem para o início do próximo ano letivo?

Espero regressar às aulas presenciais, pois o afeto, o toque, o carinho, as brincadeiras e as brigas nestas idades são muito importantes para a formação da personalidade e na obtenção de regras de convívio social. Nas aulas presenciais há tempo para tudo. Para aprender e consolidar novas matérias através dos manuais, videoaulas, pesquisas, para brincar, para participar em projetos escolares, enfim… para sermos felizes!

Maria João Leite


  
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