São 40 testemunhos de um país que vivia uma ditadura. São vidas antes do 25 de Abril de 1974, denúncias do que foram tempos de opressão e de luta. Assim é este «40 Vidas por Abril», um livro organizado por Carlos Ferreira e prefaciado por Jerónimo de Sousa (edição Modo de Ler).

“Pessoas como estas nunca desaparecem”, pelo que fizeram “num momento tão negro” vivido em Portugal. Assim referiu o autor, na apresentação da obra, no dia 14 de julho, na Cooperativa Árvore, no Porto. E acrescentou: “Era tão bom que este livro chegasse aos mais novos, porque isto é história, é a marca de um povo.”

Ao longo de cerca de dois anos, Carlos Ferreira reuniu 40 testemunhos de vida; pessoas que contam na primeira pessoa parte da sua história e de como viviam antes da Revolução dos Cravos. Este é um livro feito de pessoas comuns, com profissões diferentes e de estratos sociais distintos.

A Ilda Figueiredo coube falar deste livro, que “denuncia o fascismo, a exploração, a perseguição”, mas que também aborda a luta pela liberdade. “O que cá está é de um tempo tão terrível, de opressão… Muitas vezes, há quem diga que ‘era melhor noutro tempo’. Não, não era!”, frisou Ilda Figueiredo, que na sessão leu excertos de diversos testemunhos.

Um dia destes abrir-se-ão as portas / E entraremos todos na cidade / Um dia destes teremos um domingo / E haverá água límpida e potável 

Foi com um poema de Egito Gonçalves que Júlio Cardoso iniciou a leitura de Poemas da Resistência. A sessão terminou com uma atuação do Coral de Letras da Universidade do Porto, que interpretou, sob direção do maestro José Luís Borges Coelho, Canções Heróicas de Fernando Lopes-Graça, como “Acordai”. A sessão terminou com a canção “Grândola, Vila Morena”, um “hino” composto e cantado por Zeca Afonso.

A capa do livro é um pormenor de um quadro de António Fernando. Uma capa “belíssima” e que “bate certo com este livro, com o que está lá dentro”, sublinhou Carlos Ferreira.

Maria João Leite