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Tecnologias de Informação vão Revolucionar o Mercado de Emprego

1. Para os tempos que se avizinham, são cada vez mais os especialistas a afirmar que o emprego será mais fácil para quem souber utilizar o computador e navegar na internet.
De facto, o emprego no ecrã começa a disputar-se à escala global, seguindo um atalho chamado internet. Mas o caminho não é mágico, e os resultados não espreitam numa esquina próxima ? na Europa, o emprego escasseia e, segundo os especialistas, a solução está no ensino experimental das ciências e na vulgarização das tecnologias.
Citado pela agência Lusa, o ministro da Ciência e da Tecnologia acredita que, em Portugal, há uma grande sabedoria sobre esta matéria e que, no fundo, são os intelectuais que mais se interrogam sobre o assunto. "Todos os pais portugueses compreendem hoje que os computadores e a aprendizagem das ciências são indispensáveis para as crianças", considera Mariano Gago.
O ministro defende que a Sociedade de Informação vai gerar mais emprego, porque "quanto mais cultas e capazes são as pessoas, mais necessidades geram e mais capacidades têm para as satisfazer". Mariano Gago considera que o conhecimento gera emprego, mas salienta que as necessidades das populações não são um dado adquirido, vão mudando histórica e socialmente.
As competências que se exigem a uma força de trabalho que tem de ser cada vez mais competitiva assentam na capacidade de utilização dos computadores, que deixaram há muito de ser ferramenta exclusiva dos empregados de escritório e têm de estar hoje em todos os ramos de actividade, do comércio à construção civil. "E tanto o trabalho intelectual como o mais manual vai passar obrigatoriamente pelo aproveitamento mais adequado do computador", considera o ministro da Ciência e Tecnologia.
Mariano Gago acentua que as qualificações necessárias para a melhor utilização das novas tecnologias são as requeridas para os empregos com futuro ? os que a evolução económica está a criar nas nações mais desenvolvidas, a que os países da Europa, principalmente do Sul, se querem equiparar.

2. Um dos objectivos da presidência portuguesa da União Europeia, que termina em Junho, é precisamente recolocar a Sociedade de Informação como prioridade dos Quinze, na busca de um relançamento da capacidade de criação de empregos.
Nesta perspectiva, o documento que Portugal apresentou à cimeira europeia que decorreu em Lisboa ? "Emprego, Reformas Económicas e Coesão Social: Para uma Europa da Inovação e do Conhecimento" ? defende que "o desenvolvimento generalizado de competências científicas e técnicas deve ser visto como um factor essencial para a política de emprego na Europa" e reconhece o atraso europeu na matéria, tanto ao nível da produção e difusão das tecnologias de informação como da adaptação das instituições e indivíduos às novas ferramentas.
Considerando que "a matéria-prima do trabalho é, cada vez mais, o conhecimento", o documento formula as principais linhas para a construção de uma política europeia para a Sociedade de Informação e do Conhecimento.
Do lado da procura do conhecimento, essa política deve encorajar a inovação em produtos e serviços que possam melhorar a qualidade de vida dos cidadãos (transportes, turismo, administração pública), lê-se no texto. Acelerar a difusão das tecnologias de informação nas empresas, bem como o comércio electrónico, o teletrabalho e a telemedicina, e melhorar a qualificação dos trabalhadores para lidarem com estas tecnologias, são outras das prioridades apontadas, a par da difusão das tecnologias de informação em todo o sistema de educação e formação e da modernização dos serviços públicos.
Do lado da oferta do conhecimento, a política europeia para a Sociedade de Informação e do Conhecimento deve reforçar as redes de cooperação europeia em matéria de investigação e desenvolvimento, desenvolver e modernizar as indústrias de conteúdos e os instrumentos de software, bem como acelerar a construção de redes transeuropeias de telecomunicações em banda larga.
Ainda segundo o documento-base da presidência portuguesa, "a adopção de um plano para a Sociedade da Informação e do Conhecimento deve mobilizar firmemente a Europa" e articular-se com os planos nacionais para o emprego.

3. Os consultores internacionais afirmam que são já mais de metade (55 por cento) os europeus que utilizam o computador em casa ou no trabalho, mas apenas 35 por cento navegam na internet. Aliás, os europeus navegam 14 horas mensais, em média, menos 16 que os norte-americanos.
A título de exemplo, estão já disponíveis na internet serviços de tradutores australianos e neozelandeses, para o mundo inteiro, a preços menores do que aqueles que estamos habituados a pagar. A esta realidade acresce o factor produtividade ? os profissionais do outro lado mundo podem realizar o trabalho enquanto dormimos; no dia seguinte o documento está pronto.
Em Portugal, a indústria de moldes também já recorre ao desenvolvimento de projectos on-line. Enquanto, na Marinha Grande, os especialistas descansam, os seus parceiros do outro lado do mundo prosseguem o trabalho, sem pontos mortos, através de um canal novo chamado internet.


Citação contra corrente

(...) "Fala-se no aparecimento de novos empregos, a carecer de qualificações elevadas, nomeadamente nas áreas das novas tecnologias, mas não se diz que estes sectores, importantes, apenas absorverão uma minoria da mão-de-obra e que há outros sectores, mais clássicos, que terão continuar a produzir na sociedade do futuro" (...)

Manuel Carvalho da Silva, lider da CGTP; discursando, de improviso, no V Congresso dos Professores do Norte (Coliseu do Porto 24/03/2000)


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 90
Ano 9, Março 2000

Autoria:

Carvalho da Silva
Secretário-Geral da CGTP
Carvalho da Silva
Secretário-Geral da CGTP

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