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Telegramas Esquecidos

 

Confronto étnico

O pastor americano e ex-candidato à presidência dos Estados Unidos, Jesse Jackson, foi preso pela polícia da cidade de Decatur, Estado do Illinois, quando protestava contra a expulsão de seis alunos negros acusados de se terem defrontado após uma partida de futebol. Jackson esteve detido durante algumas horas sob a alegação de "violação de propriedade", apesar de ter entrado no recinto escolar sob escolta policial. As mães de dois dos alunos expulsos foram igualmente libertadas pouco tempo depois, apesar de terem sido detidas sem qualquer acusação formal.
Antes da sua detenção, o reverendo Jackson tinha mantido um encontro com a direcção da escola Einsenhower para tentar obter a reintegração daqueles alunos, com idades compreendidas entre os 16 e os 18 anos, expulsos por um período de dois anos. A escola tinha acedido em reduzir a punição e permitir aos jovens matricularem-se numa escola especializada em adolescentes problemáticos, mas, considerando a punição demasiado severa, Jackson pretendia que estes fossem reintegrados em Janeiro do próximo ano se a sua conduta fosse considerada satisfatória. "Foi um confronto de dezassete segundos, sem armas, sem balas, sem sangue", declarou antes da sua prisão.
Dirigente da "Rainbow Coalition" (Coligação Arco-íris), que agrupa sindicalistas, feministas e progressistas da ala esquerda do partido Democrata americano, Jackson tinha ameaçado lançar uma campanha de desobediência civil caso não conseguisse chegar a um entendimento com a direcção da escola. Apesar da notícia revelar o ambiente de confronto étnico bem presente nos Estados Unido, não existem, no entanto, mais informações sobre o desenrolar do caso.
AFP

Polícia contra estudantes

Na Argélia, a violência continua a fazer parte do dia-a-dia. Segundo o jornal Es Sahafa, várias dezenas de estudantes ficaram feridos após uma intervenção das forças de segurança argelinas na Universidade de Soumaa, 50 km a sul de Argel, por acreditarem que a cidade universitária estava sob o o ataque de rebeldes islamistas.
Segundo indicou também aquele jornal, os incidentes tiveram início quando cerca de sessenta estudantes irromperam pela ala feminina da universidade sob o pretexto de reocupar os quartos que habitavam no ano anterior, fazendo dezenas de reféns. A crise só foi resolvida após a intervenção desproporcionada da polícia local, levando a que cinco estudantes ficassem gravemente feridos e oito outros fossem detidos.
AFP

Quenianos vs propinas

Os estudantes da universidade de Nairobi, capital do Quénia, manifestaram-se recentemente contra as regras de pagamento de propinas postas em prática pela administração, que exige um pagamento prévio antes de estes garantirem a sua matrícula. Como forma de protesto, os alunos bloquearam os dois principais acessos à universidade, provocando um enorme engarrafamento de trânsito no centro da cidade. Os manifestantes exigiam igualmente o aumento das bolsas de estudo por parte do governo, consideradas insuficientes face ao actual nível de vida. Ao contrário do que se possa pensar, a agitação nos meios estudantis é frequente neste país africano e as autoridades costumam reagir às manifestações de desagrado fechando os estabelecimentos de ensino.
AFP

Educação blasfema

Um professor de história britânico foi recentemente expulso do Koweit por ter solicitado aos alunos um trabalho considerado blasfemo aos olhos da religião islâmica. Segundo o Arab Times, o docente, que ensinava numa escola particular, pediu aos alunos que escrevessem uma carta imaginária na qual Maomé pedia ao arcanjo Gabriel um emprego como profeta.
O ministro da educação do Koweit, Youssuf al-Ibrahim, referiu ao jornal que o seu ministério tinha aberto um inquérito depois de queixas apresentadas por vários encarregados de educação. O professor recebeu ordem de expulsão e o estabelecimento escolar em causa foi notificado para prestar esclarecimentos, apesar do pedido de desculpas entretanto apresentado. "As escolas privadas do Koweit sabem que os professores estrangeiros precisam de estar ao corrente das tradições e costumes do nosso país", disse ainda o ministro. Neste país árabe, os professores estrangeiros podem apenas candidatar-se a lugares no ensino particular, já que o ensino público lhes está vedado.
AFP

Inscritos pela fome

Três estudantes marroquinos e um tunisino estiveram vinte e dois dias em greve de fome para reclamarem a sua inscrição na universidade de Paris X, em Nanterre. Os quatro jovens recusavam-se a efectuar um teste escrito de francês sob a alegação que este seria "discriminatório". Os magrebinos aceitaram realizar um teste oral que, segundo a presidência da universidade, revelou um "nível aceitável de compreensão da língua francesa".
"É uma vitória, mas mantemo-nos mobilizados até que eles obtenham a regularização da sua situação junto das autoridades locais", referiu na altura um responsável do comité de luta que apoiou a reivindicação dos quatro estudantes. Chegados a França munidos apenas de um visto de turismo, os estudantes eram considerados "sem-papéis" até que a sua inscrição lhes abriu portas a uma regularização. Apoiados inicialmente pela AGEN (Association Générale des Étudiants de Nanterre), única associação de estudantes local, considerada um movimento minoritário de extrema-esquerda mas particularmente activa naquela universidade, os grevistas foram apoiados mais tarde pela UNEF, próxima do Partido Comunista Francês, e pela CNT (Confederátion Nationale du Travail), anarquista.
AFP

Internet substitui escolas?

A educação online seria, em dois anos, o próximo passo importante na Internet, depois do comércio eletrónico, referiu o presidente da Cisco Systems, John Chambers num discurso pronunciado no salão de informática da Comdex, o maior show anual da alta tecnologia, realizado em Las Vegas.
"A Internet será utilizada inicialmente pelas empresas para garantir a formação dos seus empregados e aumentar a produtividade com menores custos, antes de desenvolver um sistema educativo curricular", salientou Chambers.
O presidente da Cisco previu que a China, que acaba de concluir um acordo histórico com os Estados Unidos sobre sua adesão à Organização Mundial de Comércio (OMC), liberalizará nos próximos anos o acesso e o uso da Internet. "A Internet não perde velocidade para ninguém e os dirigentes na China compreendem bem isso", afirmou ainda aquele empresário.

AFP

Jornal a Página da Educação nº 86 - Dezembro de 1999, pg. 14


  
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Edição:

N.º 86
Ano 8, Dezembro 1999

Autoria:

Redacção

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