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“A Educação é a única solução”

Malala Yousafzai tem 16 anos e uma vida fora do comum. Desde muito cedo, a jovem paquistanesa luta pelo que considera ser certo, sem medo de ameaças – luta pelo direito à Educação, em especial pelo direito das mulheres à Educação. E foi esse “trabalho” que a levou a ser galardoada em 2013 com o Prémio Sakharov, atribuído pelo Parlamento Europeu. Malala nasceu em Mingora, no distrito de Swat, em 1997. E poderia ser uma menina como outra qualquer, se tivesse ficado calada quando os talibã proibiram as raparigas de frequentarem a escola.
Aos 13 anos, escrevia num blogue para a BBC, utilizando o nome “Gul Makai”, onde contava o quotidiano do seu país sob o regime do Tehrik-i-Taliban Pakistan. Por ser uma voz ativa, foi vítima de uma tentativa de homicídio em outubro de 2012, tendo sido baleada na cabeça e no pescoço. Sobreviveu e foi transferida para o Reino Unido, onde esteve três meses em recuperação e atualmente vive.
No dia do seu 16º aniversário, em julho passado, discursou perante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, onde sublinhou que só é possível mudar o mundo através da Educação. Em outubro, o Parlamento Europeu decidiu atribuir-lhe o Prémio Sakharov, entregue a 20 de novembro, em Estrasburgo.

Reconhecimento. Na altura em que anunciava o vencedor, o presidente do Parlamento Europeu referiu que o prémio “reconhece a força incrível” da jovem paquistanesa que luta, com “coragem”, pelo direito à Educação, “um direito que é frequentemente negligenciado em relação às raparigas”. Martin Schulz recordou que cerca de 250 milhões de meninas no mundo não podem frequentar livremente a escola: “O exemplo de Malala relembra-nos o dever e a responsabilidade de garantir o direito à Educação das crianças. Este é o melhor investimento para o futuro.”
Este reconhecimento deu um novo fôlego à luta de Malala, que nas centenas de entrevistas em que participou deu provas de grande maturidade. E num programa de televisão, deixou mesmo o apresentador (Jon Stewart) sem fala – sobre como reagiu ao tomar consciência de que os talibã queriam a sua morte, respondeu: “Comecei a pensar que um talibã apareceria e simplesmente me matava. Depois pensei: ‘se ele viesse, o que farias, Malala?’, e respondi a mim mesma: ‘Malala, pegas num sapato e vais agredi-lo’. Mas depois pensei: ‘se atingir um talibã com o sapato, então não haverá diferença entre mim e o talibã’. Não deves tratar os outros com crueldade e dureza, deves lutar com os outros através da paz, do diálogo e da educação. Então, ia explicar-lhe o quão importante é a Educação e que também queria a educação dos filhos dele. E também lhe diria: ‘era isso que queria dizer-te, agora faz o que quiseres’.”

«Eu, Malala: A Minha Luta Pela Liberdade e Pelo Direito à Educação», de Malala Yousafzai (com Christina Lamb), já chegou a Portugal e conta a história desta menina-coragem. 

André Escórcio


  
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Edição:

Edição N.º 202, série II
Inverno 2013

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