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Conferência da ONU analisa divisão dos recursos naturais

Quase seis mil pessoas estiveram presentes na conferência das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, realizada no final de Maio em Bona, na Alemanha, num ambiente generalizado de preocupação pelo futuro do planeta. Esta foi a nona conferência realizada pelos países membros da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica (CDB), adoptada na convenção realizada em 1992, no Rio de Janeiro, com o objectivo de desacelerar significativamente, até 2010, o vertiginoso ritmo de empobrecimento da biodiversidade da Terra.
"Dezasseis anos depois da Cimeira no Rio, a vida na Terra está numa encruzilhada", disse o ministro do Meio Ambiente alemão, Sigmar Gabriel, no discurso de abertura. "Vamos por um mau caminho e, caso continuemos assim, não alcançaremos o nosso objectivo", alertou Gabriel, referindo que "o actual ritmo de extinção das espécies é entre cem a mil vezes maior do que a sua extinção natural".
Actualmente, estão ameaçados em todo o planeta um em cada quatro mamíferos, uma em cada oito aves, um terço dos anfíbios e 70 por cento das plantas. Segundo uma investigação da revista alemã Der Spiegel, intitulada "A economia dos sistemas ecológicos e da biodiversidade", o desaparecimento de espécies da fauna e flora terrestres tem um custo anual avaliado em 6 por cento do Produto Nacional Bruto (PNB) mundial, o equivalente a dois mil milhões de euros.
O empobrecimento da diversidade da vida na Terra manter-se-á "a partir do momento em que seja mais fácil lucrar com a destruição da natureza do que com a sua protecção", sublinhou ainda o ministro do país anfitrião da conferência. Os países pobres são, ironicamente, os mais afectados por este problema porque geralmente não tiram proveito do uso dos seus recursos e dos conhecimentos das suas comunidades indígenas por parte dos grandes grupos industriais.
Um dos objectivos da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica é definir regras na divisão e uso desses recursos cinegéticos, questão sobre a qual a conferência realizada em Maio se debruçou, procurando encontrar novas formas de proceder a "uma divisão mais equitativa" desses mesmos recursos. Para isso, a conferência estabeleceu um "guia" para concluir antes de 2010 a negociação de um conjunto de regras obrigatórias ao seu acesso e a uma maior divisão dos benefícios de sua utilização.
Sobre esta matéria, Gabriel sublinhou que "os países industrializados devem reconhecer a necessidade de dividir os recursos naturais com quem os preserva", dando razão aos países em desenvolvimento quando estes falam de "biopirataria" ao referir-se à exploração sem autorização dos seus recursos sem que as nações industriais lhes "devolvam um centavo".
O desmatamento do planeta e a sua relação com o clima foi outro dos assuntos debatidos no encontro, já que este fenómeno acentua ainda mais o efeito estufa gerado pela emissão de gases poluentes. Anualmente, perde-se uma superfície florestal equivalente a três vezes a área da Suíça. As florestas tropicais, as mais ameaçadas, são responsáveis por 80 por cento da biodiversidade do mundo.

AFP


  
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Edição:

N.º 179
Ano 17, Junho 2008

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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