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Mulheres tomam ruas da Guatemala protestando contra a violência
Milhares de guatemaltecas tomaram no final de Novembro o Centro Histórico da capital da Guatemala para exigir que acabe a violência contra as mulheres neste país da América Central. Só neste ano já se registaram, oficialmente, mais de 540 assassínios de mulheres, número que ultrapassa a do ano passado.
"Sobre o meu corpo, decido eu", gritaram milhares de mulheres durante a manifestação pelo centro da capital. O acontecimento causou um enorme congestionamento de tráfego e a cólera de muitos homens condutores que fizeram soar as buzinas dos automóveis em protesto.
A manifestação incluiu paragens frente aos edifícios da Fiscalização de Delitos Contra a Vida, do Supremo Tribunal de Justiça e do Congresso, aqui, as manifestantes exigiram o fim da impunidade da violência domestica e reformas do Código de Trabalho que consideram ser discriminatório.
"Exigimos prevenir, punir e erradicar a violência contra as mulheres", dizia o cartaz que abria a marcha, organizada pela coordenadora 25 de Novembro, a qual junta cerca de trinta organizações sociais.
"Pela vida das mulheres. Não à impunidade. Exigimos justiça", escreveram em letras vermelhas num comunicado que distribuíram à população durante a manifestação. Uma dezena de mulheres mais animadas alegraram a marcha com danças ao som de castanholas e tambores.
"Exigimos uma efectiva investigação, bem como mecanismos de prevenção porque a maior parte das mulheres assassinadas tinham recorrido à Fiscalização, mas não foram tomadas em conta", afirmou à AFP a dirigente da Rede de Mulheres, Sandra Morán.
A Rede de Mulheres revelou que dos 375 casos apresentados à Fiscalização, apenas 22 foram a julgamento. Ainda mais grave é a violência no interior da família, pois dos 80.000 casos denunciados este ano nem um único foi tratado pela justiça.
As Nações Unidas e também a União Europeia assumiram um ciclo de dezasseis dias de activismo contra a violência sobre as mulheres. Esta iniciativa guatemalteca insere-se nesse movimento internacional que, em alguns países, se vem realizando desde 1991.
A representante desta iniciativa da ONU no país, Nadine Gasman, assegurou que a violência contra as mulheres «promove o luto das famílias, cria prejuízo sério às novas gerações e é causa e consequência da discriminação contra as mulheres».
De acordo com Gasman, no mundo, uma em cada doze mulheres sofre violência física, sete em cada dez violência sociológica e uma em cada cinco violência sexual, "números alarmantes", acrescenta.
Em Portugal, um estudo feito por uma investigadora da Universidade Lusófona diz que 20 em cada 100 raparigas portuguesas acha normal ser agredida pelo namorado, revelou a Amnistia Internacional.

  
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Edição:

N.º 162
Ano 15, Dezembro 2006

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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