Nasceu há cem anos e é o poeta da negritude. Formado culturalmente em França, transformou a sua poesia no canto da negritude, uma expressão que nele bebe, não apenas na literatura e na arte mas também na luta contra o colonialismo e contra todas as humilhações e repressões sofridas pelos negros : ?la nègritude será revolutionaire, ou ne sera pás?, escreveu. Fez parte da resistência francesa contra a ocupação alemã e da Internacional Operária, no início de uma carreira política marcante em França, onde chegou a ser ministro, e no Senegal, onde fundou, em 1948, o Bloco Democrático Senegalês (BDS) do qual se demitiria, aparentemente divergindo dos nacionalistas que pretendiam cortar totalmente as ligações senegalesas com a França, e, em 1958, a União Progressista Senegalesa (UPS). Sob a bandeira de um partido que procurava a via africana do socialismo, Senghor chegou à presidência do Senegal em 1961, onde instaurou, no ano seguinte, um regime presidencial forte que vigorou até à introdução do multipartidarismo em 1976. Foi reeleito presidente em 1968, em 1973 e em 1978, retirando-se do Poder, voluntariamente, em 1983. Militante a tempo inteiro da causa da negritude, destacou-se como tal no Congresso dos Escritores e dos Artistas Negros (Paris, 1956) , em idêntico encontro realizado em Roma em 1959, e no Festival Mundial das Artes Negras, realizado em Dakar, em 1966. Da sua obra poética são marcantes os títulos ?Ethiopiques? (1956), ?Nocturnes? (1961) e ?Lettres d?hivernage? (1973). Dez anos mais tarde, no ano em que abandonou a Presidência do Senegal, o poeta-presidente como é conhecido no mundo literário da francofonia, o poeta que divulgou na Europa muita da riqueza cultural das línguas e das civilizações de África, tornou-se o primeiro africano a entrar para a Academia Francesa. São razões mais do que suficientes para que em Portugal se assinale com dignidade o centenário do seu nascimento.
Hammamet (Tunísia) , 31 de Dezembro de 2005
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