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Vocação profissional

Centro de Estudo e Trabalho da Pedra

?Uma escola que foge aos parâmetros.? É assim que Maria João Riobom descreve o Centro de Estudo e Trabalho da Pedra, o estabelecimento de ensino profissional que dirige.
Ingressar nos cursos de Design de Equipamento ou Industrial requer ?vocação?. E uma ?queda natural? para o desenho. Essa é uma das razões pelas quais não há listas de espera na escola. Ao contrário do que acontece na maioria das escolas profissionais. São cerca de 100, os alunos e estão repartidos por dois pólos da escola, um situado no Porto outro em Alpendorada.
Entre os alunos Maria João distingue três perfis: ?Os que têm apetência e gosto pelo trabalho na área das pedras e do design, aqueles que vêem o curso como um uma boa base para seguir rumo ao ensino superior, seja para os cursos de engenharia seja para arquitectura e os que procuram apenas uma saída profissional.? 
Bruna Pires, 11º ano, procurava um curso ligado às Artes quando da passagem para o ensino secundário. Mas as ofertas que descobriu no ensino público pareceram-lhe ?muito teorias?. Bruna queria algo onde pudesse ?meter a mão na massa?. Escolheu o curso de Design de Equipamentos.
Fomos encontrá-la na oficina às voltas com o projecto que idealizou na disciplina de design: um apoio para revistas. Ao fazer a maqueta em chapa teve alguns contratempos. ?Descobri algumas dificuldades que não tinha previsto no projecto?. Não encaixam as tiras que fazem o ?chão? das ranhuras para as revistas. Há que cortar e limar. Uma tarefa feita milímetro a milímetro. ?Mas é isso que tem de bom o trabalho prático?, garante Bruna. Melhor só quando a peça estiver pronta, já não em chapa mas em latão.
A possibilidade de poder entrar no mercado de trabalho após a conclusão do 12º ano como técnica de design foi outra das razões que levaram Bruna ao Ensino Profissional. Mas que só se concretizará caso não consiga média para o curso superior de Arquitectura da Universidade do Porto, ou o curso de Design de Moda e Têxtil em Castelo Branco.

Preparar para o mercado ou para o superior

Apesar de reconhecer que a finalidade do Ensino Profissional é a de ?colocar técnicos no mercado?, Maria João Riobom é clara em admitir que a escola tem a preocupação de preparar os alunos para o ingresso no Ensino Superior.
?Não podemos impedir que os alunos tenham a ambição de vir a ser engenheiros ou arquitectos.? Além disso, acrescenta a directora, ?temos alunos tão bons que seria uma pena se não prosseguissem os estudos.? E para justificar esta observação Maria João recorda as notas 14 alcançadas no Exame Nacional de Geometria Descritiva pelos alunos da escola no ano lectivo anterior. ?Isto apesar do nosso programa não ser o mesmo que o do Ensino Secundário geral?, ressalva. Por isso contrapõe: ?Não se diz a um aluno destes para não ir para a universidade.?
Até porque parece consensual entre os alunos que a prática ministrada nas diferentes disciplinas dará bons frutos no Ensino Superior. Bruna dá como exemplo o trabalho de realização de maquetas. ?Na faculdade, basta o professor dizer que tipo de peça quer e eu não terei dificuldades em fazer!?
Vânia Oliveira partilha da mesma opinião. Frequenta o 12º ano, em Design Industrial. Não pensa concorrer ao Ensino Superior mas sabe que alguns dos programas de desenho assistido por computador que já domina, ?só são leccionados nos últimos anos na universidade?. Talvez por isso os seus planos não sigam por aí. ?Acho que perdemos 5 anos a estudar que podem ser mais válidos em termos de experiência se os passarmos a trabalhar.?

Alternativa ao abandono escolar

?Se não fosse a componente prática dos cursos profissionais muitos dos alunos já teriam abandonado a escola?? Frases como a de Vânia levam Maria João Riobom a esta conclusão. Até porque diz ?às vezes, nos conselhos de turma ao ouvir os professores das disciplinas teóricas e os das práticas a falar dos mesmos alunos até dá ideia de que são alunos diferentes?.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 141
Ano 14, Janeiro 2005

Autoria:

Andreia Lobo
Jornalista, A Página da Educação
Andreia Lobo
Jornalista, A Página da Educação

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