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O problema da informação

ESCOLA, SISTEMA BIOLÓGICO COMPLEXO?

A escola é um sistema biológico natural como outro qualquer, no sentido em que engloba igual número de componentes críticas, embora não possua as mesmas qualidades, isto é, sendo um sistema nasce, cresce, envelhece e (pode) morrer, no entanto não se reproduz, não se multiplica nem replica, pois sendo um sistema construído pela mão do homem, de que modo se recriam as condições iniciais da sua elaboração?
De qualquer modo, o sistema escola, também sofre de problemas a nível ecológico, pois como se relaciona com o meio envolvente, recebe influências do seu exterior, isto é, informação que está repleta de poluição, tal e qual, a poluição das indústrias polui o ar, abrindo ?buracos? no Ozono, ou os cursos de água, influenciando todos os sistemas biológicos aí existentes, ao libertar matérias nocivas para o ambiente.
A escola, juntamente com informação de qualidade, recebe muita poluição, vulgo ruído. Embora sendo um sistema artificial, possui uma componente biológica (o homem), e é este que regula o seu funcionamento com base na utilização de informação, preferencialmente de qualidade. Se não se verificar esta premissa, o sistema escola está sujeito a entrar em colapso irreversível, tal e qual um sistema biológico ao alimentar-se com produtos poluídos, resultando numa intoxicação que o pode conduzir à morte e consequente reciclagem.
É aqui que a escola possui ?vantagem competitiva?, ou seja, como é alimentada por ciclos recursivos de informação, logo, conhecimento novo construído com base em informação ?velha?, é possível e desejável, renovar constantemente o funcionamento da escola com vista à melhoria da qualidade da sua actuação, nomeadamente a formação da componente indivíduo. Sendo neste ponto que temos vindo a esquecer a verdadeira missão da escola, formar cidadãos, diria, info@cidadãos críticos e conscientes da sua posição no sistema dos sistemas, o País.
É aquele objectivo que não podemos esquecer, o retorno do homem ao centro do sistema. Não podemos descurar a complexidade das suas atitudes, enquanto ser biológico, resultantes das interacções no seio de uma sociedade que se esqueceu dele, dando demasiada importância a um sub-sistema criado para o servir, o sub-sistema tecnológico.
A escola é um sistema complexo de interacções multifacetadas, que incrementam a sua entropia de forma constante até atingir valores críticos. Terá que existir um factor homeostático e auto-regulador que permita o regresso a um ponto de equilíbrio, diria, equilíbrio funcional, não perfeito, nunca mecânico e muito menos constante, pois um sistema constante é o resultado de ser fechado ao exterior e, como se sabe, entra rapidamente em colapso.
No âmago de tudo isto, está a informação que actua como factor homeostático reequilibrando o sistema. Reequilibra, porque um sistema vivo é activo. É um sistema que percorre altos e baixos sendo a sua resultante um equilíbrio dinâmico, pois se não existissem estas variações o sistema poderia atingir um equilíbrio estagnante, tornando-se num sistema não-vivo, não-reactivo, logo, não funcional.
É esta ?não funcionalidade?, que a escola tem que ultrapassar rapidamente, lutando contra ?medos? internos de renovação e abertura ao exterior. Só assim, é que um sistema consegue adaptar-se ao meio ambiente onde existe. Ao traçarmos uma analogia com o mundo Biológico, rapidamente nos apercebemos que nenhum ser vivo pode existir sem aquela ?abertura? e correspondentes trocas com o meio. Apesar de ser um sistema artificial como já se referiu, têm que existir permutas entre a escola e o seu ?meio ambiente?, sendo que se materializam em fluxos de informação, devendo ter-se o cuidado de não esquecer que, deste modo, também deverá existir uma ecologia da informação, pois assim se evitará ?intoxicações? resultantes da poluição existente no interior daqueles fluxos.


  
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Edição:

N.º 133
Ano 13, Abril 2004

Autoria:

Luís Fernando Maurício
Professor em Portalegre
Luís Fernando Maurício
Professor em Portalegre

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