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Israel perde a batalha demográfica para os palestinianos

"A tendência é muito clara ? antes do fim da década, os judeus serão uma minoria em Israel, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia", disse à AFP o demógrafo Sérgio Della Pergola.
Professor da Universidade Hebraica, Pergola reafirmou comentários recentes de personalidades da esfera política, alertando para que Israel "não será capaz de se manter como Estado judeu e democrático ao mesmo tempo" se continuar a ocupar os territórios palestinianos.
Há 5,2 milhões de judeus entre o rio Jordão e o Mediterrâneo e quase 4,9 milhões de palestinianos, inclusive o 1,2 milhão de chamados árabe-israelitas que vivem dentro do Estado judeu.
"A população árabe tem uma taxa de fertilidade muito mais alta do que a judia, que cresce sobretudo graças à imigração, mas esta imigração continua a cair e a menos que um desastre atinja a diáspora judaica, nada aponta para uma mudança", disse Della Pergolla.
Segundo números oficiais, em 2003, a imigração para Israel atingiu o ponto mais baixo desde 1989, com uma queda de 31% face a 2002.
O fluxo russo está a diminuir, imigrantes da Argentina (1.200), da França (2.000) e da Etiópia também chegaram em menor número e os imigrantes procedentes dos Estados Unidos (2.500) foram um pouco mais em 2003, mas não o suficiente para contrabalançar a tendência de queda.
Cerca de 35 mil judeus imigraram para Israel em 2002, contra 44 mil em 2001 e 60 mil no ano 2000.
Especialistas dizem que a razão para a queda na imigração é, por um lado, a situação de segurança em Israel, enquanto a Intifada continua a causar vítimas, 40 meses depois de explodir, e por outro, a recessão económica.
Segundo o gabinete palestino de estatísticas, em 2010 os palestinianos superarão os israelitas em população, com 6,2 milhões contra 5,7 milhões, se as taxas de crescimento demográfico se mantiverem as mesmas.
Enquanto a ideia da "transferência" ? a proposta nacionalista de deportar os palestinos da "Grande Israel" ? perde terreno, o argumento da fraqueza demográfica israelita está a ser usado por todos os lados para promover uma solução de dois Estados.
Simpatizantes de esquerda dizem que Israel não conseguirá identificar-se como democrático se continuar a dominar tantos palestinianos, enquanto a direita tem usado o espectro da maioria árabe para propor a separação, seja negociada ou unilateral.


  
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Edição:

N.º 130
Ano 13, Janeiro 2004

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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