De facto, em Março conta-se o máximo de dias que o calendário por nós adoptado consente para o espaço de tempo assim designado. Mas a fertilidade não advém da extensão temporal; antes da densidade de "dias de". Senão, vejamos, a agenda do sindicato está a dar-me um jeitão: 8 - Dia Internacional da Mulher, 15 ? Dia Mundial dos Direitos do Consumidor, 19 ? Dia do Pai, 21 ? Dia Mundial da Floresta e Dia Nacional da Árvore, 23 ? Dia Mundial da Meteorologia, 24 ? Dia Nacional do Estudante, 27 ? Dia Mundial do Teatro Infantil, 28 ? Dia Mundial da Juventude. Ele é internacional, ele é mundial, ele é nacional, ele é um ror de coisas! Vamos brincar, quer dizer, vamos fazer análise combinatória com este material? As probabilidades é que, se calhar, não vão achar graça, se graça aqui habitar... Ora então, já que, por incrível que pareça, "uns" anos após a proclamação da Declaração Universal dos Direitos do Homem, foi reconhecido que os direitos da mulher eram direitos humanos, o mundo não pode tratá-la como ser de consumo, o que, em abono da verdade ainda vai acontecendo, não só em relação a ela como contra humanos do outro género. E, pegando na deixa, deixai-me lembrar que também o pai é homenageado, em data fixa há muitos anos, sim, porque a mãe, aquela que implica haver pai já viu o seu dia saltar 5 meses aqui no nosso país. Ora os pais biológicos ou os que o são, esses sim, quase sempre "só" por amor, ganham uma riqueza que os obriga a serem os primeiros socializadores da criança formando-a como sendo sua e, simultaneamente, uma pessoa que vai tornar-se cidadão do mundo. Aparece a escola, quando o direito de a frequentar não lhe é recusado, e as responsabilidades são partilhadas e acrescidas. Acontece que, como realidade comprovada, a criança quando interrogada sobre os seus direitos, aponta na pole position o direito a brincar, a correr, com toda a carga e toda a motivação (privação) que estas opções carreiam. Aí está o mês de Março a dedicar um dia ao teatro infantil, uma das formas de educar no lazer, isto é, no prazer de crescer. Cresce enquanto estudante, mais um dia nacional, e assume o estatuto de jovem; outro dia, naturalmente, mundial. Para que o processo decorra em condições adequadas, está-se mesmo a ver que às condições ambientais é cometido o dever de colaborarem, logo, às árvores não pode retirar-se a nobreza que as caracteriza, mas cuidado que uma só não pode ser tomada pela floresta: dia do individual e do colectivo na casa que é a nossa terra. E, para terminar, que haja chuva nos dias em que temos guarda da tal e que haja sol quando os óculos para o dito estão disponíveis! Que os deuses abençoem a meteorologia! Pois é, e não está na agenda do sindicato, se calhar para minorar os trabalhos de pesquisa, já que a data não é certinha de todo, o equinócio da Primavera instala-se neste mesmo mês. E, com ele, a esperança e a determinação de com muita força celebrarmos, diria religiosamente, o Dia da nossa Liberdade, confirmando que, sempre, ninguém mais fecha as portas que Abril abriu. Frase estafada? Será. Mas eloquente, sem dúvida! Sejam vividos intensamente todos os dias de todos os meses de todos os anos de todos os séculos. De todos os milénios. Iracema Santos Clara Escola E.B. 2.3 Dr. Pires de Lima
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