Sendo uma temática de primordial interesse no que respeita ao papel da escola na formação para a cidadania e, tendo em conta a acuidade do seu tratamento, designadamente por recentes propostas e ambiguidades quanto ao seu enquadramento nos curricula , deixam-se aqui umas despretensiosas notas mais ou menos soltas que possam eventualmente servir a uma reflexão por parte dos professores. Naturalmente que essa reflexão passará, imperativamente, pelos Projectos Educativos das escolas ou agrupamentos de escolas, o que implica toda a comunidade educativa. SEXUALIDADE Definição (Organização Mundial de Saúde) "É uma energia que motiva para encontrar amor, contacto, ternura e intimidade; integra-se no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ser-se sexual. A sexualidade influencia pensamentos e, por isso, influencia também a saúde física e mental." PLANEAMENTO FAMILIAR É um projecto conjunto do homem e da mulher na medida em que é um assunto que para ambos implica decidir e assumir (vida reprodutiva, contracepção, ...) LUGAR DA EDUCAÇÃO SEXUAL NO PROCESSO DE EDUCAÇÃO INTEGRAL A sexualidade descobre-se e constrói-se ao longo de toda a vida, tendo, no entanto, períodos chamados críticos na infância e na adolescência (mais precoce ou mais tardiamente). Assim, a importância de considerar a educação sexual, quer através de vias formais e não formais do sistema educativo. EDUCAÇÃO NÃO SEXISTA Desenvolve-se a dois níveis: Formação global - desenvolvimento polifacetado da personalidade e da vida no colectivo; Educação sexual - desenvolvimento do domínio psico-sexual. TRABALHO DE EDUCAÇÃO SEXUAL COM OS(AS) ALUNOS(AS) Em que medida podemos ajudar os alunos se somos portadores de atitudes e preconceitos, de conhecimentos insuficientes e fragmentados, e não dominamos as técnicas e capacidades pedagógicas para o trabalho neste domínio? Até que ponto estamos habilitados a enfrentar com êxito o desafio de educar para uma sexualidade sã, feliz e responsável? Certamente não são poucos os educadores que algumas vezes sentiram nervosismo e constrangimentos quando emerge, dentro ou fora da sala de aula, o tema da sexualidade, desviando as perguntas que provocam bloqueios emocionais e para as quais não temos respostas "objectivas" e oportunas. Uma palavra, um gesto, um silêncio, um comentário ou uma conversa repercutem indubitavelmente na psique dos adolescentes e das adolescentes. DIMENSÕES Indivíduo - O carácter individual e personalizado da sexualidade permite explicar a diversidade de formas de vivê-la e senti-la, a sua flexibilidade, o facto de que os caminhos de cada um não estão predestinados. Par - Representa a transcendência da sexualidade. Família - É o primeiro agente de socialização da sexualidade e é o grupo de pertença e de referência, em princípio, mais estável (a escola não a substitui mas dá sequência e contextualiza na diversidade). Função reprodutiva. Função erótica. Função comunicativo-afectiva. UM PROJECTO ESCOLAR DE EDUCAÇÃO SEXUAL Para chegar ao projecto (que fará parte do Projecto Educativo de cada Escola) é necessário apreciar a situação existente, para o que podem empregar-se diversos procedimentos diagnósticos e de análise grupal (entrevistas, inquéritos, observações ou qualquer outro método de exploração das necessidades). A construção e o desenvolvimento deste projecto com a participação activa de todos os educadores, dos alunos, dos pais, possibilitará o fortalecimento das concepções que o suportam. Alternativas curriculares e extracurriculares As temáticas relacionadas com a educação da sexualidade devem emergir de forma natural, com uma linguagem simples, sem que nos sintamos sobrecarregados ou tensos, procurando não forçar ou afectar o relacionamento. Integrar esta vertente da educação no conteúdo do ensino/aprendizagem não significa aplicar um programa pré estabelecido, mas implica contextualizar a personalizar as actividades de acordo com as necessidades, os interesses e as motivações dos(as) adolescentes. Os especialistas, sendo indispensáveis parceiros no processo, não serão, porventura, os principais. Assim, sem preocupações de exaustão, são lembrados terrenos e actores de excelência para abordagens integradas: Língua materna - Literatura; Biologia - Características e evolução dos organismos.(Sinais corporais, desconfortos e constrangimentos, doenças transmissíveis, ...); D.P.S. (Cidadania) - Valorização da importância do respeito, da comunicação, da cooperação e da tolerância responsável nas relações interpessoais. Reconhecimento da equidade nas questões de género baseada no respeito e plena participação na melhoria da qualidade de vida, História - Evolução da sociedade no que respeita ao carácter mais ou menos sexista; Educação Física - Valorização da importância das qualidades individuais e não do sexo para realização das actividades desportivas; Ensino Profissional - Combate às condutas desumanas e discriminatórias; Geografia - Estrutura da população mundial e crescimento da população nacional; Educação Artística - desenvolvimento de sentimentos de respeito e admiração em relação à criação humana; Língua estrangeira - Fundamentação da solidariedade, do colectivismo e do respeito por critérios de outros; Química - relação de hábitos com componentes químicas que possam afectar a saúde reprodutiva; Matemática - Aplicação da estatística a questões de género, com recolha e apresentação de dados, sua análise e conclusões/projecções daí retiradas. Referência aos papéis de mulheres e de homens no desenvolvimento do pensamento científico. Certamente ficará a ideia de que foram apresentadas parcelas que resultaram numa soma de senso e lugares comuns. Mas como também nos lugares comuns se podem plantar ou enxertar árvores de finos frutos ... Iracema Santos Clara Escola EB 2,3 Dr. Pires de Lima
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