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Crocodilo que se fez em Timor

A lenda narra a história de um crocodilo sonhador que um dia sonhara ser alguém. Sonhara crescer, onde tudo estreito excepto o sonho dele. Vivia num pântano de águas paradas, sítio onde não poderia concretizar o sonho de crescer. Alguns séculos mais tarde, o crocodilo, exausto por procurar comida, ficou sem forças estendido na areia, perto da água, mas sem vontade de a alcançar, como que desistindo. Foi quando um menino, também sonhador , que ali passava, o ajudou, levando-o até ao charco. Em troca, o crocodilo prometeu levá-lo um dia pelo mar fora.

A promessa foi cumprida quando o crocodilo se sentiu melhor. Durante muitas luas, menino e crocodilo navegaram por mares e ilhas de todos os tamanhos, sempre em direcção ao sol. De novo cansado, o crocodilo disse ao menino que não podia mais e que o sonho tinha de acabar ali. Mas o menino não quis aceitar esse fim e foi então que se deu a magia que fez com que o crocodilo aumentasse de tamanho, sem perder a forma original inicial, transformando-se na bonita ilha, carregada montes, florestas e rios que se chama Timor.

Em 1859, Portugal e a Holanda repartiram, entre si, a ilha num acordo ratificado em 1904. A população resistiu, mas as revoltas (1895 e 1959, entre outras) foram afogadas em sangue. Depois do 25 de Abril de 1974, em Agosto de 1975, como consequência de uma série de disputas internas no processo de concretização da independência, a FRETILIN proclamou a insurreição geral armada. A administração portuguesa abandonou o país e, a 28 de Novembro de 1975, foi declarada a independência da República Democrática de Timor Leste.

Dez dias depois, a 7 de Dezembro de 1975, poucas horas depois da visita do presidente norte-americano Gerald Ford a Jacarta, a Indonésia invadiu o território. A FRETILIN retirou de Dili. A 2 de Junho de 1976, foi aprovado pelos invasores a conversão do país em província da indonésia, numa anexação nunca reconhecida pelo Comité de Descolonização das Nações Unidas, para o qual Portugal continuará a ser a potência colonial. A ocupação de Timor Leste consta, desde Dezembro de 1975, da agenda da Assembleia Geral da ONU com sistemáticas condenações até hoje.

O genocídio do povo de Timor-Leste não tem precedentes. Desde a invasão em 1975 já foram assassinados mais de 200 mil timorenses, numa população de 600 mil. Dados colaterais de razões geostratégicas, a que não é alheia a riqueza petrolífera do mar de Timor...

¶[PARÁGRAFO DIPLOMATICAMENTE EM BRANCO]

¶[PARÁGRAFO DIPLOMATICAMENTE EM BRANCO]

¶[PARÁGRAFO DIPLOMATICAMENTE EM BRANCO]

Há um sonho que continua por cumprir

AGOSTO DE 1999


  
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Edição:

N.º 82
Ano 8, Julho 1999

Autoria:

Redacção

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