Página  >  Edições  >  N.º 77  >  Um Parque Cheio de Vida - por uma Educação Ambiental

Um Parque Cheio de Vida - por uma Educação Ambiental

1. Há anos, ainda Portugal vivia em guerra, um jovem soldado açoriano que necessitava dos melhores ofícios de um bom ortopedista voou de Ponta Delgada para Lisboa e de Lisboa para Londres à procura do especialista desejado.
O caso era bicudo, principalmente para o próprio mutilado, mas a esperança era grande e a força da vontade de procurar a melhor qualidade de vida ainda maior. Disto se aperceberam os médicos ingleses que deram o melhor encaminhamento ao doente, aconselhando-o a regressar aos Açores.
À época, exercia medicina e cirurgia na Ilha Terceira um dos maiores especialistas na matéria, de seu nome Garrett. Procurado por muito doente estrangeiro...

2. Que viaje à roda do seu quarto quem está em S. Miguel que é, às vezes, ilha bem fustigada pelo mau tempo e pelas adversidades da Natureza, entende-se... Mas neste Norte, viçoso, com esta amenidade, "onde a laranjeira cresce na horta e o mato é de murta", o próprio Garrett (não o ortopedista, mas o escritor cujo bicentenário do nascimento este ano se celebra) que aqui e agora vivesse, teria visitado o Parque Biológico Municipal de Gaia, uma jóia do Grande Porto, 35 hectares de terreno no Vale do Rio Febros ainda não suficientemente divulgados junto da própria população da Área Metropolitana.

3. Uma das propostas é o chamado percurso da descoberta do parque. Ao longo de 3 quilómetros, o deslumbrado visitante , encontra cegonhas e texugos, gamos e raposas, um carvalhal, um pinhal, um mocho-real, uma coruja das torres e uma coruja do mato...
Eu sei lá mais quê? Um burro e um búfalo. Uma cabra e um bode, Abutres, furões... E um moinho, dito novo, e a Quinta da Chasca, e o engenho de buchas, e um açude, e um lago, e um rio (o já citado Febros), e raposas, e corças, e gamos, e azevinho... E até uma casa de banho, asseada, com água corrente e papel higiénico, no meio de um monte, numa floresta que, entenda-se, é à escala do parque.

4. Dentro do Parque há trilhos velhos, recuperados, para que os visitantes saibam como eram os caminhos quando não havia tanto betão armado. Mas as rotas para chegar a este santuário da natureza (que lugar comum tão injusto para um sítio tão diferente) são novas e fáceis. Quem vai do Porto, pela Ponte do Freixo, deverá sair em direcção a Avintes (EN 222), logo a seguir à saida para Gaia. São apenas mais 2 quilómetros, 2 quilómetros e meio, e há sinalização suficiente... Da Avenida da República, em Gaia, o caminho é também o de Avintes, pela estrada onde o Salvador Caetano instalou a Toyota...
O parque está aberto todos os dias (365 dias / ano), com entradas das 10 às 16 horas, no período de Inverno (até 31 de Março) e das 10 às 18 horas no Verão. As crianças até aos 14 anos não pagam e os adultos pagam 300$00. É possível programar visitas de estudo e até dormidas no parque mas para tal é conveniente um contacto prévio (mínimo 10 dias de antecedência) que poderá ser feito pelo telefone (02) 7878120 e já não pelos números divulgados numa pequena publicação que o próprio parque faculta.

5. Às vezes, o que procuramos, queremos ou precisamos de encontar, está muito mais perto do que imaginámos. E tem qualidade. O Parque Biológico Municipal de Gaia é um exemplo. Vale a pena visitá-lo. Desde logo pela recepção (invulgarmente acolhedora e eficiente) de quem atende o público no Centro de Acolhimento de Visitantes.

João Rita


  
Ficha do Artigo
Imprimir Abrir como PDF

Edição:

N.º 77
Ano 8, Fevereiro 1999

Autoria:

João Rita
Jornalista, Porto
João Rita
Jornalista, Porto

Partilhar nas redes sociais:

|


Publicidade


Voltar ao Topo