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Viseu quer Universidade

Enquanto na Universidade do Minho o reitor se congratula com a criação do curso de Medicina e diz que o Governo decidiu bem, os autarcas e habitantes de Viseu não se conformam por terem sido preteridos a favor de Braga e Covilhã. E nem o facto de o ministro da educação ter convidado a Universidade de Aveiro a tutelar a instalação em Viseu de uma nova escola superior da área das Ciências parece ter acalmado os ânimos.
Este convite de Marçal Grilo surge como uma espécie de resposta às exigências de Viseu, uma vez que o Governo não permite que sejam criadas novas universidades neste mandato. De qualquer modo, esta proposta vai para além de um pólo universitário em Viseu, a ideia é instalar uma escola com Órgãos próprios e autonomia relativa, que funcionaria sob a tutela da Universidade de Aveiro.
Os viseenses, no entanto, consideram tratar-se de um presente envenenado, destinado unicamente a lançar poeira para os olhos e não estão dispostos a deixar cair esta guerra. Esta escola, dizem, não podem ser uma compensação pela falta de uma universidade local, criada de raiz. O líder da distrital do PS, João Junqueiro, e outros socialistas daquele concelho, têm uma opinião diferente. Aquele deputado disse tratar-se de uma "oportunidade histórica para Viseu" e admitiu mesmo retirar o projecto de lei que apresentou na Assembleia da República a pedir o superior público em Viseu.
A contestação ganhou, entretanto, novo alento com as declarações ao semanário Independente de dois dos membros da comissão técnica e independente nomeada pelo executivo para estudar a localização das duas novas faculdades de Medicina. Os professores Walter Oswald, professor jubilado da Faculdade de Medicina do Porto, e João Lobo Antunes, presidente do Conselho Científico da Faculdade de medicina de Lisboa, afirmaram que o Governo seguiu algumas recomendações do grupo de trabalho, ´mas não as mais importantesª e elogiaram a candidatura de Viseu, considerando que foi ´cuidadosamente elaboradaª.
João Lobo Antunes questiona ainda se «a aprovação prévia das universidades do Minho e da Beira Interior terá ou não viciado politicamente o processo. É uma questão que deixo ao juízo dos leitores», conclui.
No seguimento destas declarações, a Câmara Municipal de Viseu aprovou, por unanimidade, um apelo à Assembleia da República para que abra um inquérito sobre os critérios que presidiram à decisão do Governo sobre a localização das duas novas faculdades de Medicina.

Luisa Melo

 


  
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Edição:

N.º 76
Ano 8, Janeiro 1999

Autoria:

Luísa Melo
Jornalista
Luísa Melo
Jornalista

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