Para os que sempre desejaram ser médicos, e igualmente para toda a população que poderá vir a sofrer com a falta de médicos que se irá sentir nos próximos anos, houve também este mês uma boa notícia. Ou, pelo menos, sinais claros de que há diálogo entre os ministérios da Saúde e da Educação por forma a colmatar futuras carências neste sector.
Tudo isto porque estes dois ministérios estão a estudar a hipótese de permitir a transferência de alunos de Medicina Dentária para Medicina, após o terceiro ano. Uma das condições serão as notas (boas). Como o tronco disciplinar é comum às duas licenciaturas nos três primeiros anos, este medida permitirá antecipar a saída de jovens médicos para o mercado de trabalho. Este é também o objectivo de uma outra medida susceptível de ser aplicada já no ano lectivo de 1999/2000 e que pressupõe que o 6º ano de Medicina seja totalmente prático, articulando-o com o Internato Geral.
O Ministério da Educação, no entanto, prefere tratar primeiro do aumento do número de vagas para o ano lectivo de 1998/99 e, só depois, estudar seriamente a hipótese de passagem entre os cursos de Medicina. Se isto se concretizar muitos estudantes poderão aceder ao tão desejado curso de Medicina com notas ligeiramente inferiores à estabelecida nos estabelecimentos de ministram esta licenciatura.
Para já, o Ministério da Educação vai aumentar em 15 por cento as vagas dos cursos de medicina das cinco instituições de ensino, onde eles são ministrados, o que significa que haverá um acréscimo de 71 vagas, 14 para cada escola. Números que ficam muito aquém das necessidades, várias vezes evocadas pelos sindicatos médicos e mesmo por um estudo dos Recursos Humanos da Saúde, que recomendava um aumento que permitisse duplicar as vagas actualmente existentes.
Mesmo com o aumento de 15 por cento decidido por Marçal Grilo, as instituições dizem não ter condições para receber mais alunos. E continua-se sem saber onde e quando nascerá uma nova faculdade ou um novo curso de Medicina.

Luísa Melo