O VI Congresso da FENPROF está marcado para Braga e vai realizar-se nos dias 13, 14 e 15 de Maio. A discussão decorrerá em torno de uma proposta do Secretariado Nacional, subordinada ao tema 'Uma Educação e uma Escola para o Século XXI', embora também suba a congresso um outro texto, de um grupo minoritário do Conselho Nacional, subordinado ao título 'Devolver o Poder aos Professores'.

'Pôr a Educação
na primeira página
do dia-a-dia
dos portugueses'

A frase é de Paulo Sucena, secretário geral da FENPROF, e está numa entrevista concedida ao próprio Jornal da FENPROF (disponível on-line em www. Fenprof.pt)
'Não pretendemos que este seja um Congresso de lamentações', diz Paulo Sucena, para quem o congresso deve estar aberto à sociedade portuguesa, 'uma sociedade complexa, com camadas e classes sociais muito diversificadas, que assistiu no pós-25 de Abril à explosão do sistema educativo, que, por sua vez, gerou novas situações e novos problemas às escolas e à docência'.
Para aquele professor, O VI Congresso da FENPROF não pretende ser um espaço e um tempo só de crítica. 'Não é um Congresso onde todos vamos dizer que isto vai mal, que os atrasos estruturais persistem, que as políticas educativas erradas se seguem umas às outras, à medida que os dirigentes políticos mudam, sem se atingirem os objectivos que o Ensino e a Educação necessitam com tanta urgência', sublinha Paulo Sucena.
O VI Congresso da FENPROF será, nas palavras dos seus obreiros, muito mais de proposição do que de lamentações.
Mas este encontro da mais importante estrutura de professores do país, irá também reafirmar que as organizações profissionais como os sindicatos não se esgotam na discussão dos problemas salariais, como o Ministério gostaria que acontecesse.
'A FENPROF - e estas palavras são ainda do secretário-geral - assume-se parceiro democrático aceite pela sociedade na construção das próprias linhas democráticas dessa sociedade, com destaque, naturalmente, para as questões do ensino, da vida das escolas e do sucesso dos alunos.' O Congresso de Braga não será meramente reivindicativo, em torno das matérias sócio-profissionais dos educadores e dos professores, mas um Congresso que quer também dar o seu contributo para o debate das grandes questões do universo da Educação e do Ensino em Portugal'.

Alargar tempo
de escolaridade
obrigatória
e repensar
o paradigma
do professor

Uma das questões em debate no Congresso de Braga vai ser a do eventual alargamento para 12 anos da escolaridade obrigatória. Para Paulo Sucena é um desafio que tem alguma pertinência. 'Porque aquilo para que se caminha hoje é para a chamadaeducação vitalícia', diz o secretário-geral da FENPROF ciente que a todos os indivíduos vai ser exigida, 'no Século XXI, a educação do berço até à morte.'
Sucena recorda, no entanto, que o documento faz 'uma abordagem cautelosa, que começa logo pela ideia de que há que ganhar, em primeiro lugar, o cumprimento da escola básica de 9 anos (actualmente em vigor), na prática, ainda não alcançada.
Outra das vertentes deste congresso é a da reflexão sobre o 'paradigma do professor'. Equaciona-se a contradição existente num crescendo de importância para as questões da formação de professores, numa perspectiva de um profissional 'reflexivo, participante e interventor', com uma política que claramente desvaloriza a sua situação sócio-profissional.
Paulo Sucena sublinha esta contradição mas adianta que um professor terá tantas mais armas para lutar contra uma política que o quer desvalorizar, quanto mais consciente e crítico for.
Um congresso cuja discussão alargada e colectiva já começou, que reafirmará os professores como suportes da função educativa, que pugnará pela autonomia profissional e pela afirmação da profissão docente e, principalmente, que defenderá uma scola inclusiva e promotora do sucesso educativo e social.
O VI Congresso da FENPROF vai ser um dos acontecimentos do ano no plano educativo.