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Fantasporto 98: Entre Tanta Fita, Venha o Diabo e Escolha

Está confirmado. 'Dark City', de Alex Proyas, é o filme de encerramento do XVIII Festival Internacional de Cinema do Porto (Fantasporto), que decorre de 16 de Fevereiro a 6 de Março. Ao todo, serão 20 dias de intensa actividade cinematográfica, com cerca de 300 longas-metragens e mais de 30 curtas-metragens, num total de 900 sessões distribuídas pelo Auditório Nacional de Carlos Alberto, AMC Arrábida/Gaia, Cinema do Terço, Instituto Francês e Rivoli-Teatro Municipal. A organização promete qualidade reforçada, com uma selecção oficial representativa das tendências cinematográficas mundiais e que aposta decididamente no regresso em força do fantástico e do suspense, bem como na descoberta de novos nomes. A par da forte presença do cinema europeu, estão representadas as cinematografias norte-americana e de países tão diversos como Nova Zelândia - de rica tradição no Fantas -, Brasil, Canadá e Austrália.

A exibição de 'Dark City' na gala de encerramento do festival corresponde a uma 'quase antestreia mundial', uma vez que, de acordo com a organização, a estreia propriamente dita está marcada para 27 de Fevereiro, nos Estados Unidos. Ainda segundo a organização, 'Dark City' é 'um filme sombrio, de atmosfera de filme negro, elegantemente estilizado, com rebuscados movimentos de câmera, recheado de suspense e de desconcertantes reviravoltas na intriga', nele confluindo estilos e géneros que vão da ficção cientifica aos gangsters, envolvendo misteriosos homens de negro que governam uma cidade desconhecida para William Rufus - um homem em busca da sua verdadeira identidade perdida.
O filme de Alex Proyas - o realizador de 'O Corvo' iniciou a sua carreira no cinema publicitário e nos videoclips (Fleetwood Mac, INXS e Joe Jackson, entre outros) - vai integrar a secção 'Première', uma novidade do Fantasporto 98. A seu lado, algumas antestreias nacionais que se anunciam imperdíveis: 'Wishmaster' e 'Scream 2' (Wes Craven), 'Funny Games' (Michael Haneke), 'Mimic' (Guillermo del Toro), 'Ulle's Gold' (Victor Nuñez), 'An American Werewolf in Paris' (Anthony Waller) e 'Alien Ressurection' (Jean-Pierre Jeunet), que, como 'a Página' adiantava na edição anterior, será exibido na gala de abertura.

LEGENDAS EM PORTUGUÊS. Novidade absoluta será a possibilidade de os espectadores verem todos os filmes das secções competitivas legendados em Português, tendo para a direcção do Fantas chegado a acordo com uma empresa de legendagem electrónica para a inserção de legendas nos filmes.
Entretanto, um dos objectivos primordiais do Fantasporto continua a ser a promoção do cinema português junto do grande público e da crítica internacional. Nesse sentido, salienta-se uma retrospectiva da produção nacional de 1997, incluindo curtas e longas-metragens de ficção, documentários e cinema de animação. Alguns dos filmes a exibir: 'Porque não!' (José Luís Carvalho/Dores Queirós) 'Parabéns' (João Pedro Rodrigues) 'Esta é a Minha Casa' (Amândio Coroado/João P. Rodrigues), 'Gérard Fotógrafo - Um Olhar Português' (Fernando Lopes), 'Mulheres do Batuque' (Catarina Rodrigues), 'A Demanda do R' (Humberto Santana) e 'Fintar o Destino' (Fernando Vendrell), este incluído na semana dos realizadores - o espaço do Fantas que se pretende mais original, onde se têm vindo a descobrir os novos nomes do cinema actual e que terá em competição 17 filmes.

RETROSPECTIVAS. O cinema produzido em Espanha é outro dos destaques no Fantas 98, que proporcionará uma retrospectiva de cerca de 40 longas-metragens, divididas em quatro secções: 'Obras-primas do cinema espanhol', 'Espanha país do Fantástico' (que incluirá uma homenagem a Joaquim Molina, com nove projecções), 'Novas tendências do cinema espanhol' e 'O cinema de hoje'. Do programa - que inclui diversas mesas-redondas e a edição de dois livros (sobre Jacinto Molina e sobre o cinema espanhol e as suas tendências) - constam, entre outros, filmes de Vicente Aranda, Fernando Trueba, Alex de la Iglésia, Luís Garcia Berlanga, Imanol Uribe e do incontornável Almodovar.
Ainda em destaque, mas para os apreciadores de cinema mais ëemotivoí, haverá uma mostra dos mais importantes realizadores do ëfantásticoí italiano - Dario Argento, Lucio Fulci, Mario e Lamberto Bava são os 'masters' desta retrospectiva, que animará as noites do Carlos Alberto até perto das 5 da madrugada.
Para um outro tipo de público, parece estar vocacionado um novo sector do festival. Chama-se 'Fantásia' e, obviamente, acolhe as produções (de animação e de imagem real) chegadas do Japão e de Hong Kong, mas também da China e da Coreia, numa selecção de filmes demonstrativa da capacidade produtora do Oriente.
Finalmente, destaque para a retrospectiva integral de Leni Riefensthal (realizadora favorita de Hitler e que marcou o cinema da Alemanha nazi), estando previsto um seminário sobre a sua obra, dirigido por José de Mattos-Cruz.

FÓRUM FANTASPORTO. Verdadeira festa do cinema, este espaço é mais vocacionado para o grande público e apresenta um conjunto de filmes mais ou menos recentes, reveladores das tendências do cinema actuais e futuras. Assim, nesta espécie de ëgrande superfícieí cinematográfica poderão ser vistos, entre muitos outros: 'Fargo' (Joel Cohen), 'A Última Caminhada' (Tim Robbins), 'Os Condenados de Shawshank' (Ian Darabont), 'Trainspotting' (Danny Boyle), 'Delicatessen' (Tod Haynes), 'Shine' (Scott Hicks), 'Denise Telefona' (Hal Salwen) - todos em 'Perspectivas do Cinema' -, 'Blade Runner (Ridley Scott), 'Sete Pecados Mortais' (David Fincher), 'A Companhia dos Lobos' (Neil Jordan), 'Crash' (David Cronenberg), 'Manual de Instruções para Crimes Banais' (Remy Belvaux) - em 'Visões Fantásticas' -, 'Assassinos' (Mathieu Kassovitz), 'Contacto' (Robert Zemeckis), 'Conto de Verão' (Eric Rohmer), 'Um Divã em Nova York' (Chantal Akerman), 'A Enguia' (Shohei Imamura), 'O Futuro Radioso' (Atom Egoyam) e 'Ondas de Paixão' (Lars von Trier) - na 'Semana da Crítica'.
No âmbito do espaço 'Fantásia', ainda podem ser vistos: 'Fogo de Artifício' (Takeshi Kitano), 'Chunking Express' (Wong Kar-Wai), 'Os Sete Samurais' (Akira Kurosawa), 'Contos da Lua Vaga' (Kenzo Mizoguchi), 'O Papagaio de Papel Azul' (Zhung Zhuang) e 'Esposas e Concubinas' (Zhang Yumou), entre outros.

MÉLIÈS DE PRATA E OURO. Anunciados como um espaço de grande qualidade, 'onde as grandes, médias e pequenas produções das mais diversas proveniências se encontrarão num fórum que tem ganho foros de espectacularidade nos últimos dois anos', os prémios Méliès são uma iniciativa dos festivais internacionais de Bruxelas, Porto, Roma e Sitges, agrupados na Federação Europeia de Festivais de Cinema Fantástico (FEFCF).
O objectivo dos prémios é chamar a atenção dos distribuidores e produtores para o cinema fantástico europeu, sendo atribuídos em duas etapas: um prémio para o Melhor Filme Fantástico (Méliès d'Argent) é atribuído por um júri de profissionais nacionais em cada um dos quatro festivais, com base numa competição que comporte pelo menos 5 longas-metragens europeias (no Fantasporto 98 concorrem 18 filmes); seguidamente, um júri internacional reúne-se no mês de Dezembro de cada ano para atribuir o Méliès d'Or (Grande Prémio do Filme Fantástico Europeu) a um dos filmes seleccionados pelos festivais agrupados na FEFCF - depois do Porto, em 1997, Roma acolherá a edição deste ano.

António Baldaia


  
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Edição:

N.º 65
Ano 7, Fevereiro 1998

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