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Joga o 'INTER' em Campo 'MULTI'

Ainda não foi dada a conhecer a constituição definitiva das equipas. Melhor, o adversário está tradicionalmente definido e pouco plásticas são tanto a táctica como a estratégia.
O mister é homem de certezas e não necessita de incentivos que não os que engordam a conta bancária e os que alimentam a sua coerência, quer dizer, estagnação, segundo os do 'Inter' já constituído em sociedade.
Estes sentem-se co-autores na concepção e co-actores na prática do plano de jogo; não precisam de chamar um nome estrangeiro e, muito menos, a uma só pessoa.
Cá fora abundam os aperitivos para o manjar: bandeiras, acessórios de indumentária, instrumentos de fazer som, etc.. Curiosamente, nas tendas improvisadas há ilhas de artigos de uma mesma cor com tendência a sucumbirem à subida do nível das águas, estas prenhes de matizes diversos num baile de abraços de amantes.
Lá dentro, o Estádio projectado pelo engenheiro Cultura e construído com blocos de pedras orgulhosas na sua diferença e felizes na harmonia do conjunto, não tem arquibancadas mas lugares para pessoas, para todas as pessoas.
Aos árbitros competirá não a direcção dos actores mas o acompanhamento e a avaliação das jogadas, enquanto parceiros na organização do campeonato.
As manifestações da 'assistência' (sócios e simpatizantes de alma e/ou de estética) presencial ou à distância têm de ser um facto e, necessariamente, tomadas em linha de conta. Não há outsiders nem campo neutro!
E, já que o desporto (ética) também é veículo de Educação, aqui está um cenário da Educação que se pretende intermulticultural (extensa é a designação, grande é o designado!).
Assim, os modelos e os processos nunca se centra(riam)rão na cultura dominante. Muito bem!
É urgente promover os desfavorecidos (que até podem constituir minorias em poder e maiorias em número). Muito mal, se a promoção se metamorfosear em encenação que pode, em plano aparentemente paradoxal, conduzir a ghettos!
Cada jogo(desafio) não termina com o resultado; este, apenas conta como avaliação de mais um treino que se quer perseguidor de melhor perfomance. O campeonato não confere taça de metal prateado a erguer pelo 'ganhador'; prevê um aumento da entropia positiva nas águas atrás referidas. E o brilho será de metal nobre!
Ninguém dá sem receber formação inicial e formação de partilha continuada.
Os exercícios de retórica, bonitos para quem os produz e pouco ou perversamente eficazes para a audiência, morrem na primeira (des)articulação.
Assinando por baixo a perspectiva de um especialista nestas questões, é imperativo dotar quem forma os formadores para intervenção no tecido escolar, de informação e de formação que potencie a abordagem da relação pedagógica num paradigma intercultural, sem dispensar a intervenção de sociólogos, psicólogos e antropólogos. Há também que identificar parceiros e promover a criação integrada e sistemática de programas e iniciativas enquadrados a nível de territórios e de agentes.
Atenção! Pontapé de saída!

Iracema Santos Clara
Fevereiro de 1998


  
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Edição:

N.º 65
Ano 7, Fevereiro 1998

Autoria:

Iracema Santos Clara
Escola E.B. 2/3 Dr. Pires de Lima, Porto
Iracema Santos Clara
Escola E.B. 2/3 Dr. Pires de Lima, Porto

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