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Uma sociedade melhor para as crianças é uma sociedade melhor para todos

Este é um momento particularmente feliz e significativo, o momento em que anunciamos a saída a público de mais uma edição da PÁGINA. Correspondendo ao culminar de uma dinâmica de trabalho amplamente partilhada, este é o momento de encontro com os leitores, o momento de pôr à prova a verdade de um compromisso editorial subordinado a ideais de democracia, liberdade, participação e solidariedade. Neste sentido, é com reforçada alegria que apresentamos esta edição de verão, a segunda do ano em que comemoramos o nosso vigésimo aniversário.

Desde já, gostaríamos de salientar o esforço de mudança realizado ao nível da imagem gráfica, tentando desta forma responder às sugestões de melhoria que nos têm sido feitas. Aliado ao contributo indispensável dos nossos colaboradores permanentes, este tipo de presença crítica constitui um dos motores fundamentais da nossa revista. Por essa razão, este é o momento de agradecer a todos (tantos) que assim nos animam a continuar. Neste caso, cabe-nos agradecer de modo particular ao pintor Alberto Péssimo pelo desenho original da capa, evidenciando na mesma linha de reconhecimento o portefólio assinado por Ana Alvim, na qualidade de antiga colaboradora da Página. Cabe aqui também dirigir uma palavra especial de apreço aos nossos dois convidados por terem acedido a conceder-nos entrevistas tão significativas e reveladoras do seu pensamento: Valter Hugo Mãe, homem de tantas faces, de grande sensibilidade e múltiplos talentos, um dos mais apreciados da nova geração de escritores portugueses e Viriato Soromenho Marques, catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, prestigiado especialista em Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e perspicaz analista da realidade sociopolítica. Em termos pessoais, e para além das questões de debate educacional, entre as quais continua a sobressair o tema da revisão curricular, gostaria de enfatizar o espaço que mais uma vez dedicamos à temática da infância, agora a propósito do relatório da UNICEF sobre a Situação Mundial da Infância2012: Crianças no Mundo Urbano. Considerando que se refere a uma realidade específica e que produz efeitos muito perversos de longo prazo, o tema da pobreza infantil constitui, a meu ver, uma das interpelações mais inquietantes postas à racionalidade pedagógica contemporânea. Apesar do avanço histórico verificado nos planos axiológico e normativo, a verdade é que permanecem por cumprir as recomendações principais das Nações Unidas relativas à infância. “Um mundo para as crianças é aquele onde todas as crianças adquirem a melhor base possível para a sua vida futura, têm acesso a um ensino básico de qualidade, incluída na educação primária obrigatória e gratuita para todos. É aquele onde todas as crianças e adolescentes desfrutam de várias oportunidades para desenvolverem a sua capacidade individual num meio seguro e propício” (Assembleia Geral das Nações Unidas, 27ª Sessão Especial, 2002).

Atualmente, num cenário de progressiva urbanização da população mundial, o desafio passa por saber colocar as crianças no centro do planeamento urbano, conforme sublinha o relatório da UNICEF. Em resposta às questões da nossa jornalista, Madalena Marçal Grilo, diretora executiva do comité português para a UNICEF, reforça esse alerta, lembrando que dentro de poucos anos a maioria das crianças irá crescer em cidades. Ou seja, para que um novo mundo seja possível, precisamos de “cidades e sociedades mais justas e mais favoráveis ao desenvolvimento de todas as pessoas, a começar pelas crianças”. Por um lado, elas são o melhor do mundo, como diz o poeta. Por outro, um mundo melhor para as crianças será, com certeza, um mundo melhor para todos. É com esta “fé antropológica” na possibilidade de construção solidária de um mundo melhor que vos deixo, por ora, aproveitando para desejar a todos um verão muito feliz.

Isabel Baptista


  
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Edição:

Edição N.º 197, série II
Verão 2012

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