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Mudamos, crescemos, amadurecemos

De nada nos vale promover saídas se, para os alunos, elas não forem um momento aprazível e de (re)construção do seu conhecimento. A partir desta premissa, a turma de alfabetização de adultos de Aldoar (Porto) contou com o apoio das instituições Coração da Cidade e Legião da Boa Vontade para pôr em prática experiências que pautam o sentimento de amor ao próximo.
Permitiram-nos conhecer diferentes tipos de traços, diferentes formas de encarar o mundo, através da participação em rondas por 17 pontos da cidade, bem como na distribuição de refeições para cerca de 250 pessoas. A razão superou-se à impressão, travando, assim, uma luta sem tréguas. O espírito de entrega sublimava todos os vértices e todas as arestas do nosso ser, do nosso saber. A dedicação ao que poderia ser feito, ao que poderia iluminar cada olhar, tornou-se inimiga da inércia que há muito teimava em me quebrar. Um sorriso era o que mais pretendíamos! Um olhar de afecto, de obrigada! Uma mão que aqueceria o nosso coração, e que ainda hoje aquece. Aqueles olhares que jamais serão esquecidos. Aqueles rostos que, para sempre, permanecerão cá dentro. Aquele abraço...
É bom... É bom saber que somos alguém para alguém, é bom sentir que os nossos maiores críticos são, também, aqueles que nos admiram e nos tentam conhecer diariamente, sem qualquer tipo de maldade, ensinando-nos que cada dia é um novo dia. Estas pessoas é que estão a ser os verdadeiros professores, ensinando-nos a lei da vida, e sempre com um sorriso em troca… Bonito de ver!
Penso que nunca é demais referir que todos os conceitos apreendidos ao longo desta caminhada de (re)construção do nosso eu são agora princípios palpáveis e saboreados, não apenas no que concerne à personalidade de cada um, mas também à própria gestão flexível das relações humanas, os tais contextos dinâmicos e instáveis, tão içados e erguidos por Donald Schön.
São apenas momentos de puros desabafos, de impotência face a um acontecimento recente. De sufoco e asfixia por pensar em pormenores que se tornaram do tamanho do mar.
Sim, mudamos, crescemos e amadurecemos. Constatamos que, muitas vezes, o que se pretende tem de ser desejado e amado, não apenas por nós, mas pelas pessoas que nos acolhem, que nos oferecem pequenos fragmentos das suas vidas e que, constantemente, nos propiciam um olhar, um sorriso e um embalar reconfortante por entre tantos silêncios repartidos.
Esta experiência permite-nos completar mais um dos espaços em branco do nosso portfólio de vida pessoal e profissional. É nesta partilha da nossa essência que conseguimos quebrar algumas barreiras impostas todos os dias por várias pessoas.
Talvez por isto, julguemos que, ao longo de toda a nossa vida, estas pessoas marquem o nosso caminho. Todos vimos, sentimos e gritámos em silêncio sentimentos abafados, escondidos, com que a vida fez questão de nos presentear. Agora estamos prontos para superar bar reiras...

Joana Carneiro


  
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Edição:

Edição N.º 193, série II
Verão 2011

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