Página  >  Edições  >  Edição N.º 186, série II  >  O afecto

O afecto

Morno e fresco.
Levanta-se em voo. Calmo, largo, sem sair do chão tão firme.

Abre a comporta e as águas inundam o equilíbrio dos níveis.
…As paredes suportam o peso, docemente, em inundado silêncio.
Seguras, conscientes da força das águas moventes em abertura.
E ali ficam presas como são destinadas a ser,
Acalmando toda a sede, no seu quinhão de humidade.

A chuva sobe ao céu, o chão perfuma-se de névoas, em ondas, em ondas.

Quem sorve esse ar, sufoca depois em qualquer outro.

A música senta-se nos seus cantos mais íntimos
Enche toda a sala, dentro, e expande para quem acompanha o voo,
Para quem segura o mundo líquido das águas independentes.

Para quem, de longe e tão perto, mantém a distância que se tem diante das pessoas absolutamente próximas.

Teresa para o Paulo


  
Ficha do Artigo
Imprimir Abrir como PDF

Edição:

Edição N.º 186, série II
Outono 2009

Autoria:

Teresa Viana

Teresa Viana

Partilhar nas redes sociais:

|


Publicidade


Voltar ao Topo