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China passa a ser o primeiro credor do Estado americano

A China tornou-se o primeiro credor do Estado americano, um facto que demonstra mais uma vez a interdependência cada vez maior entre as economias destas duas potências mundiais.  Pequim ampliou os seus bónus do Tesouro americano de 541,4 para 585 mil milhões de dólares [467 mil milhões de euros] entre Agosto e Setembro, superando o Japão, que fez o movimento contrário, passando de 586 a 573,2 mil milhões de dólares de bónus durante o mesmo período.
Primeira potência económica mundial, os Estados Unidos recorrem, nos últimos anos, à compra das suas obrigações de Estado pelo exterior para financiar a sua gigantesca dívida.
"O fenómeno mostra a ligação que existe entre o excesso de poupança chinesa e a falta de poupança nos Estados Unidos", comentou Jean-François Huchet, director do Centro de estudos francês sobre a China contemporânea (CEFC) em Hong Kong.
"Porém, ele também mostra os limites do que a China pode fazer" em termos de investimentos, acrescentou. De facto, apesar de a China estar sentada num colchão cheio de ouro, ela não dispõe de tantas possibilidades de investimentos "seguros".
Estas reservas estão a aumentar rapidamente, trazendo ao país gigantescas quantidades de divisas num momento em que o yuan não é convertível e obrigando o Banco Central chinês a realizar operações de esterilização. Parte destes dólares vai directamente para o estrangeiro.
Apesar da crise, "as obrigações americanas continuam a ser um dos investimentos mais seguros do planeta para os chineses", segundo Huchet. Para alguns analistas, o investimento chinês também tem como objectivo sustentar um dos principais parceiros económicos do país. "Os Estados Unidos precisam de ajuda, e penso que tanto a China como o Japão estão disposto a ajudar. Eles, de momento, não vêem alternativa ao dólar", declarou Andy Xie, um economista independente de Xangai.
"A China investe parte das suas imensas reservas nos Estados Unidos, pois deseja que as taxas de juro se mantenham moderadas naquele país. As suas exportações dependem da atitude dos consumidores americanos", explicou François Gipouloux, director de pesquisa no Centro Nacional francês de Pesquisa Científica (CNRS) convidado pela universidade Tsinghua em Pequim.
"É uma forma de apoiar o mercado americano, grande consumidor de exportações chinesas. No entanto, há produtos mais rentáveis. Aliás, é exactamente o que algumas pessoas começam a pensar na China, que o seu dinheiro estaria melhor investido noutro lugar", acrescentou.
No entanto, este apoio também implica aumentar a interdependência das duas economias. A China não pode livrar-se repentinamente dos seus activos em dólares, porque isso significaria "dar um tiro no próprio pé", segundo um analista ocidental.
"Haverá uma diversificação a longo prazo, mas ela acontecerá de forma progressiva", afirmou Jean-François Huchet.

AFP


  
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Edição:

N.º 184
Ano 17, Dezembro 2008

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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