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Nobel da Paz é concedido ao mediador finlandês Martti Ahtisaari

O NOBEL DA PAZ

O ex-presidente finlandês Martti Ahtisaari recebeu em 10 de Outubro o Prémio Nobel da Paz 2008 pelas suas múltiplas mediações em vários continentes durante os últimos 30 anos e apesar de um fracasso notável no Kosovo.
Ahtisaari, de 71 anos, mediador sobretudo no acordo de paz na província indonésia de Aceh, foi premiado "pelos seus importantes esforços, em vários continentes e durante mais de três décadas, para solucionar os conflitos internacionais"... Os seus esforços contribuíram para um mundo mais pacífico e para a 'fraternidade entre as nações' no espírito de Alfred Nobel", declarou em Oslo o presidente do Comité Nobel norueguês, Ole Danbolt Mjoes.
Martti Ahtissaari, entre outras missões, presidiu ao acordo de paz firmado em 2005 pelo governo indonésio e os ex-revoltosos separatistas do Movimento Aceh Livre (GAM), pondo fim a um conflito que provocou cerca de 15.000 mortos desde 1976. Em conformidade com os termos desse acordo, o GAM depôs as armas e o poder central retirou grande parte das forças armadas mobilizadas na província. Foi um final feliz que continua a ser o seu maior êxito e que contrasta com uma actualidade dominada pela violência, do Médio Oriente ao Cáucaso, passando pelo Iraque, Afeganistão, Paquistão, Sri Lanka ou Mianmar.
"Surpreende-me que os noruegueses tenham tomado uma decisão como esta. Tenho 12,5 por cento de sangue norueguês, e isso devia desqualificar-me" para o Nobel, declarou o diplomata finlandês, que tem um bisavô norueguês. "Naturalmente, a Namíbia é a obra mais importante, pois levou muito tempo", acrescentou Ahtisaari, indicando que os seus trabalhos a favor do acordo de paz com os ex-guerrilheiros separatistas do Movimento Aceh Livre na Indonésia e para a independência do Kosovo "também eram importantes".
Embora fosse considerado um forte candidato ao prémio da paz há vários anos, Ahtisaari recebeu essa prestigiosa recompensa apesar de um fracasso. AFPDurante a sua missão como enviado especial da ONU entre Novembro de 2005 e Março de 2007, o ex-presidente finlandês não conseguiu resolver o quebra-cabeças kosovar. O Kosovo, habitado por uma maioria albanesa, proclamou unilateralmente a sua independência da Sérvia no dia 17 de Fevereiro.
Cerca de 50 países, incluindo os Estados Unidos e a maior parte dos membros da União Europeia, reconheceram o novo Estado. A Sérvia e a Rússia negaram-se a fazer o mesmo. As autoridades russas aproveitaram o precedente kosovar para justificar o seu reconhecimento da Ossétia do Sul e da Abkházia, apesar da oposição do Ocidente.
Ahtissaari, professor de profissão e presidente da Finlândia de 1994 a 2000, foi premiado por uma carreira diplomática muito activa. Em 1990, esforçou-se para obter a independência pacífica da Namíbia. Em 1999, exerceu o cargo de intermediário para pôr fim aos bombardeamentos da OTAN à Jugoslávia de Slobodan Milosevic. Em 2000, supervisionou também o desarmamento do Exército Republicano Irlandês (IRA) na Irlanda do Norte, e no ano passado organizou negociações entre iraquianos sunitas e chiitas para criar pontes entre ambas as comunidades.
O Prémio será entregue em Oslo no dia 10 de Dezembro.

AFP


  
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Edição:

N.º 183
Ano 17, Novembro 2008

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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